São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004

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TELEVISÃO

Sem emprego fixo, comediante negocia com editora para contar "histórias sérias" e "fazer revelações" sobre o grupo

"Triste", Dedé escreve livro sobre Trapalhões

CLÁUDIA CROITOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO

Manfried Santana faz questão de frisar: "Não estou magoado com Renato Aragão. Estou apenas triste". Dedé Santana está triste com Didi Mocó.
Sem emprego fixo -tem dado palestras de "conscientização de funcionários" em empresas- e há anos sem programa, o "escada" mais famoso do Brasil se mantém na TV com uma peregrinação por atrações, de João Kléber (Rede TV!) a João Gordo (MTV), para dar entrevistas sobre o final dos Trapalhões (foi há mais de dez anos) e falar da frustração por não estar ao lado do ex-companheiro Didi na TV Globo.
O bom ibope e a repercussão das entrevistas fizeram Dedé, 67, tirar um antigo projeto da gaveta: escrever um livro sobre a história dos Trapalhões. Em "Dedé Santana e Seus Amigos Trapalhões" -que deve ser lançado no segundo semestre e está em negociação com uma editora-, ele promete contar "histórias sérias" e fazer "revelações" sobre o quarteto.
Leia a seguir a entrevista.

Folha - Por que escrever um livro sobre os Trapalhões agora?
Dedé Santana -
Tenho essa idéia há muito tempo, pedi para o Mussum e o Zacarias escreverem uma declaração sobre o Dedé, mas eles nunca fizeram. Com a morte deles, deixei a idéia de lado.

Folha - Você conversou com o Renato Aragão sobre o livro?
Dedé -
Eu falei, mas não senti muita boa vontade da parte dele, não... Ao saber do livro, ele me ligou, dizendo: "Toma cuidado com o que você vai escrever".

Folha - Você acha que ele pode ter receio de alguma revelação que o livro venha a trazer?
Dedé -
Ninguém deve ter medo da verdade. Vai ter bastante coisa que vai surpreender o público.

Folha - Ultimamente você foi a vários programas dar entrevistas...
Dedé -
Fui no João Kleber sem saber que era para responder a essas perguntas. Resultou em uma audiência tão grande que fui chamado a vários outros. Mas eu aviso que, se for para falar sobre o Didi, eu não vou. Eu não vou para falar mal de ninguém.

Folha - Sempre perguntam por que ele está na Globo e você não...
Dedé -
Nem sei como responder isso. Eu viajo muito e onde vou o pessoal chega a estar com raiva do Renato. Eu explico que ele não é culpado, que ele não manda na Globo. O pessoal diz: "Ele não manda na Globo, mas, se quisesse, o colocaria no programa".

Folha - Como é a relação com ele?
Dedé -
Gostaria de estar mais com o Renato, mesmo que não seja para trabalhar junto. Tenho uma filha criança que é fã dele. Nós nos falamos às vezes.

Folha - Nunca perguntou ao Renato por que ele não o chamou?
Dedé -
Ele sempre me disse que a Globo não queria relembrar os Trapalhões. Mas "A Turma do Didi" é bem parecida, o que eu acho um erro.

Folha - Hoje você vive do quê?
Dedé -
Faço shows, acompanho meu filho em shows evangélicos. Estou fazendo uma palestra de motivação profissional.

Folha - Por que o Renato ficou mais rico que todos vocês?
Dedé -
Talvez porque ele soubesse negociar melhor, os cachês eram negociados em separado. A única vez que nossos empresários reclamaram por causa disso foi quando houve a separação. A diferença de salário era tremenda...

Folha - De quanto era?
Dedé -
Vou usar um número fictício: se, por exemplo, a gente ganhasse 8, o Didi ganhava 110. Era uma coisa enorme, quem descobriu foi o Mussum.

Folha - Tem planos de voltar à TV?
Dedé -
Estou com dois convites, um da Record, outro da Rede TV!. Também tenho um projeto com o Sérgio Mallandro e o Tiririca. Mas, se o Didi me chamar para voltar a trabalhar com ele, eu vou.


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