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MÚSICA
"Por Trás da Fama" reforça o mito Cazuza
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Quando "Cazuza - O Tempo
Não Pára", de Sandra Werneck e
Walter Carvalho, estreou nos cinemas no ano passado, as licenças
poéticas típicas de cinebiografias
acabaram por ocultar fatos essenciais na vida do ícone roqueiro
dos anos 80, vítima da Aids.
Claro, não é função do cinema
listar todos os fatos da vida de um
personagem como se fosse uma
ficha corrida. Isso, espera-se, fica
a cargo de um documentário sem
afetações. A edição do "Por Trás
da Fama" (Multishow) dedicada a
Cazuza (1958-90) fica entre o factual e a pura bajulação, uma espécie de versão jornalística do filme.
Assim como o longa, o especial
oculta o ex-namorado Ney Matogrosso (ele aparece em microssegundos, em uma foto) ou então o
episódio da revista "Veja", com
Cazuza já perto da morte.
Ao mesmo tempo em que essas
omissões são o ponto fraco do
programa, outras similaridades
com o filme garantem seu valor
para além das raras imagens de
arquivo -por exemplo, o Barão
Vermelho no primeiro Rock in
Rio, em 1985, quando Cazuza
usou versos alterados como "Para
o Brasil, para o mundo nascer feliz", durante "Pro Dia Nascer Feliz", em referência à então eleição
de Tancredo Neves (1910-1985).
É a chance de ouvirmos o outro
lado da história, já que, no filme, o
parceiro musical Roberto Frejat é
pintado com tintas não muito
simpáticas. "Incomodava-me ele
ser irresponsável. Chegava atrasado para os ensaios e tinha argumentos de garoto mimado, de filho único", diz Frejat. O músico
revela também a reconciliação. A
dupla ficou cerca de seis meses
sem se falar.
"Não o convidei para minha festa de aniversário." Cazuza acabaria aparecendo, fazendo uma entrada bombástica já na porta, correndo e escorregando de joelhos,
"como em um show de rock", pedindo perdão. "Ninguém em nossa geração descreveu tão bem o
nosso transe como ele", resume
Frejat.
POR TRÁS DA FAMA. Quando: amanhã,
às 23h15, no Multishow.
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