São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

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Com ressalvas, moradores e orquestra convivem bem

DA REPORTAGEM LOCAL

Moradores de Heliópolis ouvidos pela Folha são otimistas em relação a projetos culturais na comunidade, como o Instituto Baccarelli, que ensina música erudita a crianças e jovens, e as produções comerciais para o cinema. Mas gostariam que houvesse mais integração.
O psicólogo Edmundo Barboza Silva, 50, que cuida de projetos educacionais e esportivos para jovens do lugar, diz que as atividades mostram à população que ela não está sozinha e tiram o estigma da violência. Mas ressalva: "A comunidade não pode ser mero laboratório. Tem de haver aplicação de recursos e participação opinativa dos moradores".
O DJ e locutor Reginaldo Gonçalves, 31, elogia o ecletismo proporcionado pelo ensino de música erudita, mas se queixa, por exemplo, de não ter conseguido emplacar apresentação de DJs locais com jovens músicos da orquestra.
Em resposta, Edilson Ventureli, vice-presidente do instituto, diz que a orquestra já trabalhou com o rapper Rappin'Hood e o músico Antonio Nóbrega. "Existe um projeto pedagógico, com prioridade para música erudita. Não temos preconceito de linguagem, mas o trabalho tem de ser bacana. Se fala de violência, é contra os valores que defendemos."
Desde 2005, quando se instalou em uma antiga fábrica de sucos na favela, o instituto teve só um problema com segurança, em 2008. Três rapazes cortaram o alarme e tentaram entrar na escola. Pessoas da comunidade avisaram a "quem deveria ser avisado", como se diz no local. Cada um deles teve os dois braços quebrados e recebeu o aviso: "Com ONG não se mexe. São nossos anjos".


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