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Com ressalvas, moradores e orquestra convivem bem
DA REPORTAGEM LOCAL
Moradores de Heliópolis ouvidos pela Folha são otimistas
em relação a projetos culturais
na comunidade, como o Instituto Baccarelli, que ensina música erudita a crianças e jovens,
e as produções comerciais para
o cinema. Mas gostariam que
houvesse mais integração.
O psicólogo Edmundo Barboza Silva, 50, que cuida de
projetos educacionais e esportivos para jovens do lugar, diz
que as atividades mostram à
população que ela não está sozinha e tiram o estigma da violência. Mas ressalva: "A comunidade não pode ser mero laboratório. Tem de haver aplicação de recursos e participação
opinativa dos moradores".
O DJ e locutor Reginaldo
Gonçalves, 31, elogia o ecletismo proporcionado pelo ensino
de música erudita, mas se queixa, por exemplo, de não ter
conseguido emplacar apresentação de DJs locais com jovens
músicos da orquestra.
Em resposta, Edilson Ventureli, vice-presidente do instituto, diz que a orquestra já trabalhou com o rapper Rappin'Hood e o músico Antonio
Nóbrega. "Existe um projeto
pedagógico, com prioridade
para música erudita. Não temos preconceito de linguagem,
mas o trabalho tem de ser bacana. Se fala de violência, é contra
os valores que defendemos."
Desde 2005, quando se instalou em uma antiga fábrica de
sucos na favela, o instituto teve
só um problema com segurança, em 2008. Três rapazes cortaram o alarme e tentaram entrar na escola. Pessoas da comunidade avisaram a "quem
deveria ser avisado", como se
diz no local. Cada um deles teve
os dois braços quebrados e recebeu o aviso: "Com ONG não
se mexe. São nossos anjos".
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