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Televisão/Crítica
"Juno" anda na contramão de "Sem Destino"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Ontem foi o dia do "independente" de 2008, "Juno" (Telecine Pipoca, 20h; não indicado
a menores de 10 anos), que hoje
será reprisado numa versão
dublada na qual perde o principal: a voz da protagonista.
Hoje está mais para o independente de 1969, "Easy Rider" ou "Sem Destino" (TCM,
0h05; não indicado a menores
de 16 anos). O filme dirigido
por Dennis Hopper não é o
criador do filme de motocicleta. Ele se serve desse gênero
(que o mestre dos realizadores,
Roger Corman, por sinal cultivou) e o acopla ao "road movie", o filme de estrada, para
colocar seus dois protagonistas, Peter Fonda e o próprio
Dennis Hopper, numa viagem
iniciática pela América.
Um deles carrega a bandeira
americana na moto, mas não é
no mesmo espírito do Clint
Eastwood do ainda inédito
"Gran Torino": não se trata de
afirmar os valores da América,
mas de tudo colocar em questão. Andar é procurar por si
mesmo, não ter muito nada definido, estar mesmo sem destino, como diz o título, isto é:
aberto a tudo, inclusive a outro
tipo de viagem, a de LSD.
O mundo anda mais acanhado. Tivesse Dennis Hopper feito o filme sob George W. Bush
era capaz de acabar em Guantánamo. Agora já não há que
procurar o que somos ou o que
é nosso país.
Existe um discurso que parece já ter definido tudo. E à garotada cabe isso: executar. Não
por acaso, "Juno" e sua rebeldia terminam em "happy end".
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