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SEMINÁRIO
Temática de evento internacional, que vai de hoje ao dia 17 no Sesc Vila Mariana, se espalha em celebrações pelo país
Ruptura e união da humanidade motivam debate
LUCIANA ARAUJO
DA REDAÇÃO
"No meio do caminho tinha
uma pedra." A professora de filosofia política da USP Olgária Matos cita Carlos Drummond de Andrade para explicar a origem do
seminário internacional "Gemas
da Terra: Imaginação, Estética e
Hospitalidade", realizado de hoje
ao dia 17, no Sesc Vila Mariana,
em parceria com a Unesco.
O evento, organizado por Matos
e pela artista Denise Milan, nasceu de reflexões sobre a utilização
artística da pedra azul, que se formou há 750 milhões de anos, antes da cisão dos continentes. E que
hoje é encontrada no Brasil (Bahia) e na África (Zâmbia).
"A pedra azul carrega em sua
memória a união e a separação",
diz Milan, que trabalha há dez
anos com esculturas do mineral.
Por isso a pedra instigou a idealização deste encontro sobre convivência e tolerância e da arte como
intérprete dessa necessidade.
"A arte não tem fronteiras. É
instrumento de aproximação e
possibilidade desse feito", avalia
Milan. A artista aponta ainda a capacidade que a arte tem de unir
diferenças. Caso deste evento. Especialistas de várias áreas -literatura, história, antropologia
etc.- são palestrantes, como o
ensaísta Jean Galard, Patrícia A.
Johnson, diretora do Museu da
Diáspora Africana (Chicago),
Massimo Canevacci, da Universidade La Sapienza, em Roma, e
Miguel Abensour, da Universidade Denis Diderot, de Paris.
"Assim como os continentes se
separam, eles vão se reencontrar.
Refletimos sobre o reencontro
dos homens", diz Matos. "O tempo geológico e o tempo humano
são simultâneos, e as identidades
são múltiplas. Ninguém sempre
foi do lugar onde está", destaca.
Exemplo desse tipo de reencontro, segundo Matos, é o caso de
Kim Phuc, retratada pelo fotógrafo da Associated Press Nick Ut aos
sete anos correndo nua e após ter
sua casa destruída por napalm na
Guerra do Vietnã. "Três décadas
depois, ela foi a Washington e
perdoou o responsável pelo ato."
Invocando esse ideal de união,
hoje, às 12h, os índios gaviões, de
Rondônia, celebrarão o mito de
origem. Nesse mesmo momento,
em São Paulo, no Pátio do Colégio
(centro) e na igreja São Luís (av.
Paulista), soarão sinos pela paz.
Assim como em igrejas jesuítas de
Santa Catarina, Piauí e Pernambuco, entre outros Estados.
Em Salvador, além do toque dos
sinos da Catedral Basílica e das
igrejas do Pelourinho, haverá
uma caminhada da catedral até o
Museu Abelardo Rodrigues,
acompanhada por grupos de percussão. Em Belo Horizonte, o
Tambolelê tocará seus tambores.
Ainda hoje, no Sesc, Milan inaugura a obra "Entes", composta
por basalto e pedra azul.
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