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Sergio Camargo era fã da luz dos quadros
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi a luz presente em tela de Hélio Melo que fascinou o escultor
Sergio Camargo. Ele se tornou
uma das pessoas empenhadas em
promover o artista acreano. Em
fevereiro de 1980, Camargo (1930-1990), consagrado artista que morava no Rio, estava jogando fora
"um convite mal impresso, quando ficou intrigado com a luz da tela", segundo a filha do artista, a
roteirista Maria Camargo.
"Ele foi então ao Sesc Tijuca,
que sediava a mostra, vazia, e ficou fascinado com a produção do
Hélio. Acabou comprando todas
as telas", conta ela, lembrando
que seu pai e o acreano ficaram
amigos e que ele divulgou a obra
de Melo para vários artistas mais
próximos. "A luz de Hélio Melo
ocupa", escreveu Camargo.
Autodidata, Melo viveu da infância até cerca de seus 40 anos
entre os seringais. Desde cedo fazia desenhos, mas sem ambição
artística, com uma tinta que era
extraída do sumo de plantas.
Com cerca de 20 anos, ficou impressionado com um violinista
que aparecera na região e quis ter
o instrumento. Poupou dinheiro
e comprou um violino, que
aprendeu a tocar em seis meses,
formando até uma banda anos
mais tarde, já instalado em Rio
Branco. Na capital acreana, desde
os anos 60, para onde mudou para ter uma vida mais confortável,
trabalhou em diversas funções:
catraieiro (barqueiro), barbeiro e
porteiro, entre outras.
"Era um homem muito simples,
gostava de prosa, mas era versátil:
tocava, pintava. Vendia seus quadros muito barato", afirma o colecionador Chagas Freitas, um dos
maiores do Acre -parte de seu
acervo está exposto na mostra
"Além do Muro", na Caixa Cultural Sé, em São Paulo. Freitas tem
cinco desenhos de Melo em sua
coleção, abrigada em Brasília.
Roberto Rugiero, especialista
em arte popular e dono da galeria
Brasiliana, em SP -que possui
uma tela de Melo- lembra que
Pietro Maria Bardi também se encantou com a obra de Melo, em
1983, durante feira no Ibirapuera.
"Com o destaque de Hélio na Bienal, a arte popular finalmente volta ao evento", avalia Rugiero.
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