São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Araujo exibe "retrospectiva" em SP

Exposição que reúne trabalhos diversos do ex-diretor da Pinacoteca é aberta hoje para o público no Tomie Ohtake

Em mais de cem obras, artista reafirma legado da arte africana, e também dialoga com construtivos e nomes contemporâneos


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma exposição que serve como retrospectiva e que sintetiza os diálogos entre as artes africana, construtiva e contemporânea. Assim Emanoel Araujo, ex-diretor da Pinacoteca do Estado e atualmente à frente do Museu Afro Brasil, vê a mostra com mais de cem obras de sua autoria que é aberta hoje para o público no Instituto Tomie Ohtake.
"Não gosto de falar em retrospectivas, mas é evidente que, com tantos trabalhos diversos, ela adquira esse tom", diz ele, que elogia a curadoria de Agnaldo Farias principalmente na primeira sala, com 33 obras, entre esculturas recentes e relevos da série Máscaras. "A iluminação mais dramática desse espaço me agrada bastante", diz ele, que fez releituras das imagens icônicas de orixás, unindo-as a elementos como cristais e miçangas. "Há uma relação muito forte com o ancestral, que tem a ver com as formas que servem de tótem e com o simbolismo das cores."
Ao mesmo tempo, em todas as obras, existe um cuidado estético que remete à arte construtiva. "É engraçado, minha geração teve pouca influência direta dos concretos e dos neoconcretos. Mas, no processo artístico meu e de outros artistas, havia buscas semelhantes."
O artista dá um exemplo: "Uma vez, o Sergio Camargo [escultor, 1930-1990], me disse que havia uma luz em minhas obras que ele sempre buscava no seu trabalho. Já o Franz Weissmann [escultor, 1911-2005] achava que a cor era o elemento mais próximo".
Em outra grande sala do instituto, há relevos da fase anterior do artista, na qual a religiosidade não é tão evidente e o trabalho com a geometria é mais destacado.
Um relevo em preto e vermelho, no centro do espaço, salta aos olhos do visitante. "O vermelho no meio da obra tem uma gestualidade muito forte, o que é uma característica forte minha", explica ele. Existem mais relevos monocromáticos nessa sala, muitos deles realizados em branco.
Araujo acredita que, apesar dos diálogos, sua obra geométrica é mais "sensível". "Existem procedimentos menos rígidos e menos regras na realização desses trabalhos do que há, por exemplo, no ideário da arte concreta."
Outra faceta do trabalho de Araujo é explorada na terceira sala da mostra, revelando suas apuradas gravuras -técnica com a qual ele ficou conhecido, ainda quando morava na Bahia, nos anos 60-, cartazes e livros com design de sua autoria.


EMANOEL ARAUJO
Quando:
de ter. a dom., das 11h às 20h; até 29/4
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av. Brigadeiro Faria Lima, 201, SP, tel. 0/xx/11/2245-1900)
Quanto: entrada franca


Texto Anterior: Contardo Calligaris: Fama e narcisismo
Próximo Texto: José Bechara apresenta individual
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.