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Araujo exibe "retrospectiva" em SP
Exposição que reúne trabalhos diversos do ex-diretor da Pinacoteca é aberta hoje para o público no Tomie Ohtake
Em mais de cem obras, artista reafirma legado da arte africana, e também dialoga com construtivos e
nomes contemporâneos
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma exposição que serve como retrospectiva e que sintetiza os diálogos entre as artes
africana, construtiva e contemporânea. Assim Emanoel Araujo, ex-diretor da Pinacoteca do
Estado e atualmente à frente
do Museu Afro Brasil, vê a mostra com mais de cem obras de
sua autoria que é aberta hoje
para o público no Instituto Tomie Ohtake.
"Não gosto de falar em retrospectivas, mas é evidente
que, com tantos trabalhos diversos, ela adquira esse tom",
diz ele, que elogia a curadoria
de Agnaldo Farias principalmente na primeira sala, com 33
obras, entre esculturas recentes e relevos da série Máscaras.
"A iluminação mais dramática desse espaço me agrada bastante", diz ele, que fez releituras das imagens icônicas de orixás, unindo-as a elementos como cristais e miçangas. "Há
uma relação muito forte com o
ancestral, que tem a ver com as
formas que servem de tótem e
com o simbolismo das cores."
Ao mesmo tempo, em todas
as obras, existe um cuidado estético que remete à arte construtiva. "É engraçado, minha
geração teve pouca influência
direta dos concretos e dos neoconcretos. Mas, no processo artístico meu e de outros artistas,
havia buscas semelhantes."
O artista dá um exemplo:
"Uma vez, o Sergio Camargo
[escultor, 1930-1990], me disse
que havia uma luz em minhas
obras que ele sempre buscava
no seu trabalho. Já o Franz
Weissmann [escultor, 1911-2005] achava que a cor era o
elemento mais próximo".
Em outra grande sala do instituto, há relevos da fase anterior do artista, na qual a religiosidade não é tão evidente e o
trabalho com a geometria é
mais destacado.
Um relevo em preto e vermelho, no centro do espaço, salta
aos olhos do visitante. "O vermelho no meio da obra tem
uma gestualidade muito forte,
o que é uma característica forte
minha", explica ele. Existem
mais relevos monocromáticos
nessa sala, muitos deles realizados em branco.
Araujo acredita que, apesar
dos diálogos, sua obra geométrica é mais "sensível". "Existem procedimentos menos rígidos e menos regras na realização desses trabalhos do que
há, por exemplo, no ideário da
arte concreta."
Outra faceta do trabalho de
Araujo é explorada na terceira
sala da mostra, revelando suas
apuradas gravuras -técnica
com a qual ele ficou conhecido,
ainda quando morava na Bahia,
nos anos 60-, cartazes e livros
com design de sua autoria.
EMANOEL ARAUJO
Quando: de ter. a dom., das 11h às
20h; até 29/4
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av.
Brigadeiro Faria Lima, 201, SP, tel.
0/xx/11/2245-1900)
Quanto: entrada franca
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