São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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Espaço Unibanco renova programação

Aos 15 anos, cinema da r. Augusta abre nova livraria e lança atividades especiais; circuito se espalhou por outras cidades

Sociólogo e educadora coordenaram reformas de US$ 1,5 milhão em 1993, quando foi aberto o então Espaço Banco Nacional

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Fechado no início dos anos 90, o cine Majestic parecia condenado ao destino das salas de cinema que se transformaram em estacionamentos, igrejas evangélicas ou shoppings de conveniência. O ponto era bom, a um quarteirão e meio da avenida Paulista, ainda que em um trecho da rua Augusta em processo de deterioração.
Sim, o ponto era bom, concluíram o sociólogo Adhemar Oliveira e sua mulher, a educadora Patrícia Durães, quando viram a fachada coberta de tapumes e espiaram por uma fresta para estimar o tamanho do imóvel. Bom para montar um cinema. Cinco meses de negociações com os proprietários e US$ 1,5 milhão em reformas depois, nascia em outubro de 1993 o Espaço Banco Nacional.
Com três salas de exibição onde antes funcionava apenas uma (com platéia e balcão), era a primeira iniciativa do gênero com patrocinador, na forma de investimento direto, antes que houvesse leis de incentivo fiscal possibilitando deduções de impostos. Trazia para São Paulo a experiência de oito anos do grupo Estação, do qual Oliveira e Durães eram sócios, no Rio.
O casal mudou-se para a cidade com o objetivo de cuidar, durante um ano, da fase estratégica de implantação e depois voltar. Ficou até hoje. Em 1995, foram abertas as duas salas do Anexo, onde antes funcionava o Instituto Goethe. Três anos depois, o grupo de São Paulo (hoje, com a participação de uma terceira sócia, Eliane Monteiro) tornou-se independente do Estação. O Banco Nacional, por sua vez, foi incorporado pelo Unibanco, que manteve o patrocínio.
"Esse modelo permite um grau de experimentação impossível se você estiver sozinho", afirma Oliveira, 52. Ele não considera que seu negócio seja apenas um cinema, e sim uma "operação cultural" que é boa também para o patrocinador porque "agrega valor à imagem sem que o investimento seja muito alto".
Os princípios desse projeto orientam a programação comemorativa dos 15 anos de funcionamento, que será aberta na próxima terça e se prolongará por todo o ano. De acordo com o que Oliveira chama de "projeto germinador", a exibição de filmes que encontram pouco espaço no circuito se completa com atividades paralelas.
"Privilegiamos desde o início o espaço de convivência, mantendo um saguão com café e livraria onde um engenheiro me disse que caberiam mais duas salas", diz Oliveira. Nesta segunda, o espaço abre sua nova livraria, com o lançamento do livro "Estranhos Sinais de Saturno", de Roberto Piva.

Expansão
Oliveira hoje participa da administração de outras 55 salas em São Paulo, Santos (SP), Rio, Porto Alegre, Curitiba, Tubarão (ES), Belo Horizonte, Juiz de Fora (MG) e Fortaleza. Até o fim do ano, planeja abrir mais 14 salas, 11 no Shopping Bourbon Pompéia.
Em dez anos, Oliveira terá multiplicado por seis o tamanho do "seu" circuito - ele respondia por apenas 12 salas em 1998. Não aposta, entretanto, que seja capaz de manter o mesmo ritmo de expansão.
Embora afirme se preocupar com os efeitos da pirataria sobre o mercado audiovisual, Oliveira acredita que haverá espaço para salas de cinema nas próximas décadas, por causa do "aspecto humano" e do "privilégio da convivência".


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