|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Espaço Unibanco renova programação
Aos 15 anos, cinema da r. Augusta abre nova livraria e lança atividades especiais; circuito se espalhou por outras cidades
Sociólogo e educadora coordenaram reformas de US$ 1,5 milhão em 1993, quando foi aberto o então Espaço Banco Nacional
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Fechado no início dos anos
90, o cine Majestic parecia condenado ao destino das salas de
cinema que se transformaram
em estacionamentos, igrejas
evangélicas ou shoppings de
conveniência. O ponto era
bom, a um quarteirão e meio da
avenida Paulista, ainda que em
um trecho da rua Augusta em
processo de deterioração.
Sim, o ponto era bom, concluíram o sociólogo Adhemar
Oliveira e sua mulher, a educadora Patrícia Durães, quando
viram a fachada coberta de tapumes e espiaram por uma
fresta para estimar o tamanho
do imóvel. Bom para montar
um cinema. Cinco meses de negociações com os proprietários
e US$ 1,5 milhão em reformas
depois, nascia em outubro de
1993 o Espaço Banco Nacional.
Com três salas de exibição
onde antes funcionava apenas
uma (com platéia e balcão), era
a primeira iniciativa do gênero
com patrocinador, na forma de
investimento direto, antes que
houvesse leis de incentivo fiscal possibilitando deduções de
impostos. Trazia para São Paulo a experiência de oito anos do
grupo Estação, do qual Oliveira
e Durães eram sócios, no Rio.
O casal mudou-se para a cidade com o objetivo de cuidar,
durante um ano, da fase estratégica de implantação e depois
voltar. Ficou até hoje. Em 1995,
foram abertas as duas salas do
Anexo, onde antes funcionava
o Instituto Goethe. Três anos
depois, o grupo de São Paulo
(hoje, com a participação de
uma terceira sócia, Eliane
Monteiro) tornou-se independente do Estação. O Banco Nacional, por sua vez, foi incorporado pelo Unibanco, que manteve o patrocínio.
"Esse modelo permite um
grau de experimentação impossível se você estiver sozinho", afirma Oliveira, 52. Ele
não considera que seu negócio
seja apenas um cinema, e sim
uma "operação cultural" que é
boa também para o patrocinador porque "agrega valor à imagem sem que o investimento
seja muito alto".
Os princípios desse projeto
orientam a programação comemorativa dos 15 anos de funcionamento, que será aberta na
próxima terça e se prolongará
por todo o ano. De acordo com o que Oliveira chama de "projeto germinador", a exibição de filmes que
encontram pouco espaço no
circuito se completa com atividades paralelas.
"Privilegiamos desde o início
o espaço de convivência, mantendo um saguão com café e livraria onde um engenheiro me
disse que caberiam mais duas
salas", diz Oliveira. Nesta segunda, o espaço abre sua nova
livraria, com o lançamento do
livro "Estranhos Sinais de Saturno", de Roberto Piva.
Expansão
Oliveira hoje participa da administração de outras 55 salas
em São Paulo, Santos (SP), Rio,
Porto Alegre, Curitiba, Tubarão (ES), Belo Horizonte, Juiz
de Fora (MG) e Fortaleza. Até o
fim do ano, planeja abrir mais
14 salas, 11 no Shopping Bourbon Pompéia.
Em dez anos, Oliveira terá
multiplicado por seis o tamanho do "seu" circuito - ele respondia por apenas 12 salas em
1998. Não aposta, entretanto,
que seja capaz de manter o
mesmo ritmo de expansão.
Embora afirme se preocupar
com os efeitos da pirataria sobre o mercado audiovisual, Oliveira acredita que haverá espaço para salas de cinema nas
próximas décadas, por causa do
"aspecto humano" e do "privilégio da convivência".
Texto Anterior: Crítica/"A Guerra Particular de Lênin": Livro enfatiza episódio russo Próximo Texto: Espaço recebeu 400 mil em 2007 Índice
|