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Seb Fontaine critica comercialismo
COLUNISTA DA FOLHA
A presença do DJ inglês Seb
Fontaine no Skol Beats pode ser
ouvida como uma discotecagem e
vista como um documentário.
É tudo verdade. A história de
Fontaine "fazendo o plástico girar" (o disco numa picape, como
ele define) se confunde com a história da música eletrônica. Ele tinha banda de ska e tocava hip hop
quando foi abduzido pela acid
house, na virada dos anos 90. Foi
o primeiro DJ a ter residências
nos superclubes Cream e Ministry
of Sound, ficou comercialóide e
afundou junto com a dance music
comercial há cinco anos.
Perdeu seu programa de sábado
na prestigiosa Radio One e foi parar nos clubes pequenos, no underground, se abrindo para outros estilos e flertando até com
rock. Como contou à Folha, Seb
Fontaine acredita que é no underground que a eletrônica está encontrando sua sobrevida.
Folha - O que você tem feito desde que deixou a residência no
Cream e o programa na Radio One?
Seb Fontaine - Eu comecei a tocar minha própria noite em Londres, chamada Type. Hoje somos
a mais concorrida noite da Inglaterra, a que leva os melhores DJs.
Erick Morillo, Norman Cook, Timo Maas estiveram lá. Deixar a
Radio One foi algo dentro de um
planejamento. Tanto eu quanto a
rádio achávamos que fazer um
programa ao vivo todo sábado à
noite era algo muito restritivo.
Folha - Você foi residente de superclubes nos anos 90. Hoje esses
clubes já eram e a eletrônica voltou
para lugares pequenos. Você também vê assim?
Fontaine - Definitivamente. Ser
residente tanto na Cream quanto
na Ministry of Sound, nos anos
90, foi uma fantástica experiência.
Entretanto a cena dance correu
um sério risco de implosão para
sempre quando, no final da década, foi invadida por muitas marcas comerciais, muita gente lá pelas razões erradas. Mas é injusto
culpar os superclubes pela derrocada. Agora é consenso que o legal é clube pequeno e acho que isso teve um grande efeito positivo
para a música eletrônica. Estava
tudo muito igual. Agora existe
mais razões para as experimentações, para estilos aparecerem, para uma nova música surgir.
Folha - É por isso que você mudou
bastante o seu estilo, de house comercial para uma mistura com
electro e até rock?
Fontaine - Pode ser. A diferença
é que agora eu me deixo ser levado pela pista, pelo o que eu vejo
que as pessoas querem naquela
hora. Antigamente achava que ditava o que as pessoas queriam ouvir, mas muitas vezes me via obrigado a tocar sempre o top 10 de
mais sucesso no momento, porque isso fazia o sucesso de um DJ.
Eu gosto de movimentar meu
som entre os diversos gêneros,
mas acho que isso tem que ser
bem feito, senão fica confuso. Se
você me perguntasse como eu
descreveria meu som hoje, eu diria que é "electronic house", house com um pouco de electro. Nessa mistura, às vezes o rock pode
entrar.
(LÚCIO RIBEIRO)
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