São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 2005

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Seb Fontaine critica comercialismo

COLUNISTA DA FOLHA

A presença do DJ inglês Seb Fontaine no Skol Beats pode ser ouvida como uma discotecagem e vista como um documentário.
É tudo verdade. A história de Fontaine "fazendo o plástico girar" (o disco numa picape, como ele define) se confunde com a história da música eletrônica. Ele tinha banda de ska e tocava hip hop quando foi abduzido pela acid house, na virada dos anos 90. Foi o primeiro DJ a ter residências nos superclubes Cream e Ministry of Sound, ficou comercialóide e afundou junto com a dance music comercial há cinco anos.
Perdeu seu programa de sábado na prestigiosa Radio One e foi parar nos clubes pequenos, no underground, se abrindo para outros estilos e flertando até com rock. Como contou à Folha, Seb Fontaine acredita que é no underground que a eletrônica está encontrando sua sobrevida.

 

Folha - O que você tem feito desde que deixou a residência no Cream e o programa na Radio One?
Seb Fontaine -
Eu comecei a tocar minha própria noite em Londres, chamada Type. Hoje somos a mais concorrida noite da Inglaterra, a que leva os melhores DJs. Erick Morillo, Norman Cook, Timo Maas estiveram lá. Deixar a Radio One foi algo dentro de um planejamento. Tanto eu quanto a rádio achávamos que fazer um programa ao vivo todo sábado à noite era algo muito restritivo.

Folha - Você foi residente de superclubes nos anos 90. Hoje esses clubes já eram e a eletrônica voltou para lugares pequenos. Você também vê assim?
Fontaine -
Definitivamente. Ser residente tanto na Cream quanto na Ministry of Sound, nos anos 90, foi uma fantástica experiência. Entretanto a cena dance correu um sério risco de implosão para sempre quando, no final da década, foi invadida por muitas marcas comerciais, muita gente lá pelas razões erradas. Mas é injusto culpar os superclubes pela derrocada. Agora é consenso que o legal é clube pequeno e acho que isso teve um grande efeito positivo para a música eletrônica. Estava tudo muito igual. Agora existe mais razões para as experimentações, para estilos aparecerem, para uma nova música surgir.

Folha - É por isso que você mudou bastante o seu estilo, de house comercial para uma mistura com electro e até rock?
Fontaine -
Pode ser. A diferença é que agora eu me deixo ser levado pela pista, pelo o que eu vejo que as pessoas querem naquela hora. Antigamente achava que ditava o que as pessoas queriam ouvir, mas muitas vezes me via obrigado a tocar sempre o top 10 de mais sucesso no momento, porque isso fazia o sucesso de um DJ.
Eu gosto de movimentar meu som entre os diversos gêneros, mas acho que isso tem que ser bem feito, senão fica confuso. Se você me perguntasse como eu descreveria meu som hoje, eu diria que é "electronic house", house com um pouco de electro. Nessa mistura, às vezes o rock pode entrar.
(LÚCIO RIBEIRO)


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