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MODA
Com desfiles, exposições, performances, shows e debates, Festival Minas Cult ocupa espaços públicos de Belo Horizonte
Estilistas mineiros levam coleção às ruas
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O setor da moda de Minas Gerais decidiu reagir, ocupando ruas
e espaços públicos de Belo Horizonte. Foi aberto anteontem à
noite na praça da Liberdade (região central) o Festival Minas
Cult, um movimento inédito e
gratuito que, até 8 de maio, pretende mostrar à população a parceria de cerca de 30 estilistas e designers de moda mineiros com a
arte, música, literatura e religião
como inspiração de suas criações.
Desfiles, exposições, performances, shows e debates integram o festival, que, além de mostrar a interatividade da moda mineira com as variadas expressões
culturais, pretende ser um movimento de resgate do tradicional
mercado mineiro da moda, esquecido a partir do início dos
anos 90, com os grandes eventos
no Rio e São Paulo.
Na abertura dos desfiles, que
vão durar cinco dias, o estilista
Ronaldo Fraga mostrou sua última coleção inspirada na obra de
Carlos Drummond de Andrade,
com figurinos e cenário reproduzindo a poesia do poeta itabirano.
A Patachou expôs uma passarela
criada exclusivamente para ela
por Amilcar de Castro (1920-2002), que hoje integra o acervo
do artista plástico mineiro.
Renato Loureiro -que em uma
tenda de 2.600 m2, armada na praça da Estação- vai apresentar
suas coleções inspiradas no artesanato e no barroco mineiro. Ele
disse que esse movimento estava
reprimido há algum tempo e que
busca não só despertar o setor da
moda de Minas e chamar a atenção do país para esse pólo de produção mas também aproximar da
moda o mundo da arte.
"Tem muita gente boa que está
fora disso. São poucos estilistas e
algumas marcas presentes em São
Paulo. A maioria está fora", disse.
O estilista afirmou que "vale tudo" para despertar as pessoas para esse movimento, como bandas
e a reedição pela Vide Bula de 63
camisetas expostas na praça da
Liberdade com a foto de George
W. Bush com nariz de palhaço,
sobre a frase "The word is not a joke!" (o mundo não é uma piada!).
O Minas Cult é um desejo antigo do Grupo Mineiro de Moda e
de empresários do ramo. Assina a
produção executiva o empresário
Paulo Borges, criador da São Paulo Fashion Week. "Passamos 15
meses discutindo o que fazer, coisas que fossem fiéis às coisas de
Minas. Mas não é só moda, é o
viés da moda para falar de design,
arte e cultura como comportamento."
"Garotas do Alceu"
A cada ano, o festival quer homenagear uma personalidade da
moda. O primeiro Minas Cult
presta homenagem ao ilustrador
mineiro Alceu Penna (1915-80),
que, durante anos, mostrou suas
ilustrações de moda nas páginas
da extinta revista "O Cruzeiro"
com o nome "As Garotas do Alceu". Inspirado nos figurinos dele, alguns estilistas criaram novos
modelos, adaptados aos olhares
de hoje, e vão apresentá-los amanhã na praça da Estação.
Trabalhos de Alceu Penna ficarão expostos no MAP (Museu de
Arte da Pampulha), que, como a
Casa do Baile -obras da primeira fase do trabalho do arquiteto
Oscar Niemeyer- e o Museu de
Artes e Ofícios, também serão locais onde os estilistas vão se misturar a músicos e artistas para
mostrar e falar sobre comportamento, idéias e economia.
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