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MÚSICA
Grupo de rock progressivo brasileiro dos anos 70 retorna à cena independente com material inédito encontrado em cassete
Gravação de 76 impulsiona volta de O Terço
MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Depois de duas tentativas frustradas nos últimos quatro anos, O
Terço -grupo que foi símbolo
do rock progressivo nacional nos
anos 70- está de volta.
Graças a uma gravação de 1976
-inédita, e, igualmente, histórica-, encontrada numa fita cassete por um amigo do vocalista e
guitarrista Sérgio Hinds, 56, o retorno ganhou impulso e virou um
projeto de grandes proporções na
cena musical independente, que
prevê a realização de uma mini-turnê de três shows, a gravação de
um CD e de um DVD ao vivo.
Há pouco mais de um mês, os
três integrantes da formação mais
marcante da banda (Hinds, Flávio
Venturini e Sérgio Magrão) têm
se reunido num estúdio da zona
sul do Rio de Janeiro para relembrar as principais músicas da carreira e formatar um novo show.
"A gente tem muita química. É
fantástico perceber como tudo
funciona bem quando estamos
juntos", diz Venturini, 55, de cima
de seus teclados, após um ensaio.
O Terço -que surgiu em berço
carioca no final dos anos 60, mas
se firmou em solo paulista na década posterior- adiou seu retorno após a morte do baterista Luiz
Moreno, em 2003.
Anos antes, os quatro haviam
dividido o mesmo palco no show
de comemoração dos 50 anos de
Venturini, em São Paulo, quando
surgiu a idéia de retomar o grupo.
"A gente decidiu retomar ali, no
camarim, depois que cantamos
juntos. Mas a idéia acabou esfriando", conta o compositor, cuja carreira se construiu também
no "Clube da Esquina", impulsionado por Milton Nascimento.
Agora, o projeto da retomada
do Terço está nas mãos do produtor Alexandre Maraslis, 32, do selo independente carioca Elemental Arts, quem fez reviver a gravação. "Ainda temos muito material
que pode ser explorado. São fitas
de rolo, sobras de estúdio, músicas inéditas e outro material ao vivo que nunca foi gravado", diz.
A gravação, na época, foi autorizada por Hinds, realizada da mesa
de som de um show no teatro
João Caetano, no centro do Rio.
Enquanto o grupo fazia seus
primeiros ensaios, a fita cassete
era masterizada no estúdio Meteoro, na zona norte do Rio. "É incrível a qualidade musical do material, especialmente a afinação
dos vocais, por ser um show ao vivo em 1976", comenta o produtor
Alex Frias, 42, dono do estúdio,
que esteve com os integrantes do
Terço na semana passada, num
ensaio ao qual a Folha teve acesso.
O resultado chega às lojas a partir do dia 28, a R$ 35, em média,
com lançamento na Fnac Barrashopping, no Rio (av. das Américas, 4.666, tel. 0/xx/ 21/2431-9292).
O CD sai com tiragem inicial de
mil cópias e também pode ser encomendado pelo site www.ele
mentalarts.com.br ou pelo tel. 0/
xx/ 21/ 8114-5054.
O show histórico antecipou algumas composições do LP "Casa
Encantada", lançado pela extinta
gravadora Copacabana.
O CD traz as principais músicas
da longa discografia da banda,
que, no decorrer dos anos, teve
várias formações -em 76, Venturini e Magrão deixaram o Terço
para formar o 14 Bis- e teve músicos como Vinícius Cantuária,
César de Mercês e Ruriá Duprat.
"Criaturas da Noite", "Luz na
Escuridão", "Sentinela do Abismo", "Pássaro", "Flor de La Noche", "Guitarras", "Hey Amigo" e
"Cabala" estão no álbum, entre as
14 músicas resgatadas.
Além da inédita de 76, Maraslis
também dispõe de uma gravação
do mesmo ano em que O Terço se
apresentou junto dos Mutantes
no Teatro Municipal de São Paulo. "É um show igualmente histórico. São 40 minutos de cada banda e depois as duas tocando juntas algumas músicas dos Beatles", diz o produtor musical.
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