São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 2005

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MÚSICA

Grupo de rock progressivo brasileiro dos anos 70 retorna à cena independente com material inédito encontrado em cassete

Gravação de 76 impulsiona volta de O Terço

MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Depois de duas tentativas frustradas nos últimos quatro anos, O Terço -grupo que foi símbolo do rock progressivo nacional nos anos 70- está de volta.
Graças a uma gravação de 1976 -inédita, e, igualmente, histórica-, encontrada numa fita cassete por um amigo do vocalista e guitarrista Sérgio Hinds, 56, o retorno ganhou impulso e virou um projeto de grandes proporções na cena musical independente, que prevê a realização de uma mini-turnê de três shows, a gravação de um CD e de um DVD ao vivo.
Há pouco mais de um mês, os três integrantes da formação mais marcante da banda (Hinds, Flávio Venturini e Sérgio Magrão) têm se reunido num estúdio da zona sul do Rio de Janeiro para relembrar as principais músicas da carreira e formatar um novo show.
"A gente tem muita química. É fantástico perceber como tudo funciona bem quando estamos juntos", diz Venturini, 55, de cima de seus teclados, após um ensaio.
O Terço -que surgiu em berço carioca no final dos anos 60, mas se firmou em solo paulista na década posterior- adiou seu retorno após a morte do baterista Luiz Moreno, em 2003.
Anos antes, os quatro haviam dividido o mesmo palco no show de comemoração dos 50 anos de Venturini, em São Paulo, quando surgiu a idéia de retomar o grupo. "A gente decidiu retomar ali, no camarim, depois que cantamos juntos. Mas a idéia acabou esfriando", conta o compositor, cuja carreira se construiu também no "Clube da Esquina", impulsionado por Milton Nascimento.
Agora, o projeto da retomada do Terço está nas mãos do produtor Alexandre Maraslis, 32, do selo independente carioca Elemental Arts, quem fez reviver a gravação. "Ainda temos muito material que pode ser explorado. São fitas de rolo, sobras de estúdio, músicas inéditas e outro material ao vivo que nunca foi gravado", diz.
A gravação, na época, foi autorizada por Hinds, realizada da mesa de som de um show no teatro João Caetano, no centro do Rio.
Enquanto o grupo fazia seus primeiros ensaios, a fita cassete era masterizada no estúdio Meteoro, na zona norte do Rio. "É incrível a qualidade musical do material, especialmente a afinação dos vocais, por ser um show ao vivo em 1976", comenta o produtor Alex Frias, 42, dono do estúdio, que esteve com os integrantes do Terço na semana passada, num ensaio ao qual a Folha teve acesso.
O resultado chega às lojas a partir do dia 28, a R$ 35, em média, com lançamento na Fnac Barrashopping, no Rio (av. das Américas, 4.666, tel. 0/xx/ 21/2431-9292). O CD sai com tiragem inicial de mil cópias e também pode ser encomendado pelo site www.ele mentalarts.com.br ou pelo tel. 0/ xx/ 21/ 8114-5054.
O show histórico antecipou algumas composições do LP "Casa Encantada", lançado pela extinta gravadora Copacabana.
O CD traz as principais músicas da longa discografia da banda, que, no decorrer dos anos, teve várias formações -em 76, Venturini e Magrão deixaram o Terço para formar o 14 Bis- e teve músicos como Vinícius Cantuária, César de Mercês e Ruriá Duprat.
"Criaturas da Noite", "Luz na Escuridão", "Sentinela do Abismo", "Pássaro", "Flor de La Noche", "Guitarras", "Hey Amigo" e "Cabala" estão no álbum, entre as 14 músicas resgatadas.
Além da inédita de 76, Maraslis também dispõe de uma gravação do mesmo ano em que O Terço se apresentou junto dos Mutantes no Teatro Municipal de São Paulo. "É um show igualmente histórico. São 40 minutos de cada banda e depois as duas tocando juntas algumas músicas dos Beatles", diz o produtor musical.


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