São Paulo, quarta-feira, 15 de abril de 2009 |
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CONEXÃO POP Dois lados de uma gestão pública
THIAGO NEY DA REPORTAGEM LOCAL A VIRADA Cultural é uma iniciativa que faz as quilométricas discussões sobre Lei Rouanet tornarem-se enfadonhas e anacrônicas. Exemplo de dinheiro público investido decentemente é a programação da Virada que está em Cotidiano. Amplo, democrático, gratuito, mesmo com verba 30% menor do que a edição de 2008, o evento é recheado por atrações das mais variadas, do veterano Trio Mocotó aos novos Vanguart; do tecladista John Lord (Deep Purple) à Central Scrutinizer Band (banda paulistana que toca versões de Frank Zappa, que será liderada pelo americano Ike Willis); de palco dedicado a Raul Seixas a reunião dos Novos Baianos (com todos os integrantes, menos Moraes Moreira). Das 18h de 2 de maio às 18h do dia seguinte, a Virada paulistana terá ainda quatro palcos de eletrônica e um sound system de reggae. Se sobrar gás, dá para assistir no palco do largo do Arouche a Wando, Reginaldo Rossi e Wanderley Cardoso. Nem é seu objetivo, mas a Virada Cultural evidencia o caráter notívago de São Paulo. Caráter que também é evidenciado pela Parada Gay, mesmo que não seja esse o seu objetivo. Embalada por música eletrônica (mas não só), a Parada Gay recebeu em 2008 mais de 320 mil turistas, que deixaram na cidade cerca de R$ 190 milhões (números da SPTuris, empresa de promoção turística da cidade). Na sexta-feira e no sábado que antecedem a Parada (ocorrida aos domingos), os clubes de São Paulo ficam pequenos para a quantidade de gente que se diverte em suas pistas. São Paulo é feia, quase inóspita. Sua vida noturna, vibrante, intensa e variada, é um raro atrativo. Poucas cidades do mundo (talvez só Berlim) possuem noite com opções tão vastas quanto a capital paulista. Pena que a Prefeitura de São Paulo não entenda isso. Nos últimos meses, a prefeitura, por meio das subprefeituras, vem fazendo inúmeras investidas em bares e clubes da cidade, fechando ou interditando locais por motivos discutíveis. Segundo testemunho de vários proprietários de clubes (que, obviamente, preferem não se identificar), o processo para a regularização de imóveis (obtenção de alvará) é burocrático, lento. Assim, abrem-se brechas enormes para fiscais corruptos -e, algumas vezes, truculentos- arrumarem motivos para extorquir dinheiro de proprietários de clubes e bares. Claro, há espeluncas que não têm a menor condição de permanecerem abertas, mas fechar ou interditar casas por questiúnculas burocráticas é um exagero que vem sendo cometido por agentes públicos. Será que não é ruim para a cidade? thiago.ney grupofolha.com.br Texto Anterior: CDs Próximo Texto: "Você não pode se livrar de si mesmo" Índice |
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