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Palco remonta a Griffith
ROGÉRIO SGANZERLA
especial para a Folha
Fabuloso "decor"... Bonito e
funcional, aberto ou fechado.
Um show de exuberância e terrível competência. Sobretudo a disposição móvel do proscênio monumental que imediatamente
consegue o máximo de efeitos
com recursos concentrados e definidos.
As colunas e o conjunto da estrutura remonta à famosa sequência do festim de Baltazar em "Intolerância" -certamente o maior
filme do criador da linguagem cinematográfica, D.W. Griffith.
O efeito esmagador das colunas
banhadas de luz vinda do alto é
acentuado pela grande sacada do
cenógrafo: a tela redonda.
Câmeras e editores também dão
seu "show". Tudo feito no ato.
Utilizando com moderação os
"flous" e outros efeitos estetizantes, garantindo o ritmo com uma
edição ágil, os ingleses mostram
gestos em cortes em movimento,
capaz de transformar o videoclipe
em sétima arte.
Suas câmeras digitais circulares
rolam em total liberdade. Ali há,
sem dúvida, uma nova técnica e
quase uma estética que o público
procurará em vão nos "clipes"
convencionais.
O segredo chama-se atenção e
cuidado com redundância; nesse
sentido, os Stones foram servidos
pelo que há de melhor em termos
de produção, planejamento e execução de idéias mirabolantes,
transformadas em informação pura desde os primeiros instantes,
quando explodem o telão e o fogo
invade a cena. Esmagador.
Afinal, há que se perguntar: por
que o cinema tem tela retangular?
O círculo é a figura mais perfeita,
permite inclinações, aumenta a
definição, densifica o contínuo
temporal e é capaz de provocar delírios coletivos, devido a agressiva
novidade.
Afinal, não vemos tudo em círculos? A tela quadrada foi uma
convenção francesa imposta pela
dupla Lumière. Ainda uma vez o
cinema influência tudo, sobretudo
o cenógrafo e o fabuloso iluminador. Bravo!
Um detalhe: a voz brasileira é lamentável. Tudo desafinado e completamente péssimo. Chose de loque!
Rogério Sganzerla é cineasta, diretor de "O Bandido da Luz Vermelha", "A Mulher de Todos", entre
outros.
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