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Bob Dylan é discreto e sublime no palco
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
Um evento badalado como o
show dos Stones atrai gente que
nem é tão íntima assim do
rock'n'roll. Esses sujeitos não entenderam nada quando aquela figura meio gordinha subiu no palco, ou melhor, na pequena parcela
de palco que sobrou, já que o resto
estava coberto para não estragar o
impacto visual dos Stones.
Aí o gordinho de terno preto e
guitarra olhou para os outros caras da banda, e eles começaram a
tocar. Meio paradões, do jeito que
tocaram todas as 11 canções da
noite. Mas será que foram 11? É difícil saber, todas se parecem.
Ao lado desse espectador bastante desnorteado, um outro tipo
estava presente. E estava extasiado, quase em transe.
Afinal, ali no palco cantava o
maior poeta da música pop. O primeiro homem a dizer coisas "sérias" para o público rock'n'roll. O
compositor que influenciou os
Beatles e os Rolling Stones, para
citar só os mais famosos. O músico
que praticamente teve a palavra
"gênio" agregada ao prenome.
E para esse fã, que já ficaria contente apenas em ver Bob Dylan de
perto, o melhor foi constatar que o
cantor está em forma. Parece que
o susto de quase morrer com problemas cardíacos no ano passado
reviveu a criatividade de Dylan.
Depois do ótimo CD lançado a
poucos meses, ele mostrou no palco canções de várias fases da carreira, em versões modificadas.
Da abertura, "To Be Alone With
You", ao encerramento, "Forever
Young", foi um desfile de folk,
rock e blues, num coquetel belíssimo. Show enxuto, mas sublime.
Jam session
Para compensar o fato de ter tocado sem aparato visual nenhum,
Dylan teve seu momento de glória
do supertelão dos Stones. Como
prometido, entrou no palco e cantou "Like a Rolling Stone" com os
próprios. Dividiu os versos com
Jagger e nem se preocupou com a
guitarra, já que Richards e Wood
estavam lá, feito escudeiros.
Com o público todo cantando
junto, a troca cúmplice de sorrisos
de Dylan com Jagger escancarada
no telão resumiu boa parte da história do rock. Quem perdeu, azar.
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