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Festival de jazz nos EUA terá quatro noites brasileiras
CARLOS CALADO
especial para a Folha
O JVC Jazz Festival -o mais tradicional evento do gênero nos
EUA- vai reforçar a ênfase que
vem dando, nos últimos anos, à
música popular brasileira.
Em sua 26ª edição, que acontece
de 15 a 27 de junho, o festival nova-iorquino dobra o número de
noites dedicadas à MPB. Desta vez
serão quatro concertos, em palcos
nobres como o do Carnegie Hall e
o do Avery Fisher Hall.
Esse destaque vem acompanhado de pompa e circunstância. Normalmente encabeçado por grandes astros do jazz ou do blues, o
primeiro concerto no Carnegie
Hall -dia 19 de junho- será estrelado por João Gilberto.
Em princípio, o cantor e compositor vai comemorar os 40 anos da
bossa nova, acompanhado apenas
por seu violão. Mas surpresas de
última hora não estão descartadas.
"Chegamos a pensar em nomes
de convidados, mas o João prefere
surpreender a platéia", diz o produtor Hélio Alves, que acaba de
assumir a coordenação das noites
brasileiras do festival com sua empresa The Brazilian Beat.
Um dia após João Gilberto, será
a vez de Maria Bethânia subir ao
palco do Carnegie Hall, para apresentar o show "Âmbar/Imitação
da Vida". A cantora não se exibe
em Nova York há nove anos.
A presença brasileira no JVC
Jazz Festival prossegue no dia 23
de junho. Acompanhada por sua
banda, Gal Costa comemora 30
anos de carreira fonográfica, no
palco do Avery Fisher Hall.
Já na noite seguinte, o concerto
"Brazilian Jazz Ensemble" promete reunir no mesmo Avery Fisher uma verdadeira seleção do instrumental brasileiro. Além do violonista e cantor João Bosco, o
show inclui Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti e Toninho Horta.
"É a primeira vez que esses quatro gigantes vão se apresentar juntos aqui em Nova York", comemora André Alves, animado com
a expansão da música brasileira no
evento nova-iorquino.
"Os shows brasileiros foram os
de maior sucesso em 97. Por isso,
sugeri a George Wein, diretor-geral do JVC, que aumentasse o número de concertos. É um verdadeiro festival de música brasileira
dentro do festival de jazz."
O conceito de festival dentro do
festival foi aplicado também a
uma série de concertos na sala
Sylvia and Danny Kaye Playhouse,
que começa no dia 15 de junho.
Graças a essa programação, as já
tradicionais 9 noites do JVC Jazz
Festival transformaram-se em 13.
Tributos ao pianista Fats Waller
(no dia 15), ao compositor Harold
Arlen (dia 18) e ao guitarrista Herb
Ellis (dia 16), servirão de pretexto
para as aparições de vários veteranos do jazz, como os trompetistas
Clark Terry e Harry Edison, ou os
guitarristas Charlie Byrd, Tal Farlow e o roqueiro Andy Summers.
Outro segmento que também
vem ganhando mais espaço no festival é o da música afro-cubana.
Como já acontecera em 97, o JVC
dedica sua última noite, no Carnegie Hall, a um encontro de medalhões do gênero: a cantora Célia
Cruz, o percussionista Tito Puente
e o trompetista Arturo Sandoval.
Outras duas noites destacam
atrações latinas. No dia 21, Rubén
Blades canta no Carnegie Hall. Já
no dia 26, o Hammerstein Ballroom promove encontro das bandas Los Van Van e Cubanismo.
Já entre as atrações mais jazzísticas, há opções para quase todos os
gostos -do concerto da cantora
Cassandra Wilson (que deve repetir algumas de suas recentes releituras de obras de Miles Davis) ao
show comandado pelo organista
Jack McDuff, ambos no dia 23.
Entre os concertos mais disputados pelos fãs do jazz também estará, certamente, o encontro do baterista T.S. Monk (filho de Thelonious Monk) com a Mingus Big
Band. Ou a noite comandada pelo
pianista Chick Corea, que inclui o
trio do baterista Roy Haynes com
o piano de Danilo Perez e o contrabaixo de John Pattitucci.
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