São Paulo, quarta, 15 de abril de 1998

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Festival de jazz nos EUA terá quatro noites brasileiras

CARLOS CALADO
especial para a Folha

O JVC Jazz Festival -o mais tradicional evento do gênero nos EUA- vai reforçar a ênfase que vem dando, nos últimos anos, à música popular brasileira.
Em sua 26ª edição, que acontece de 15 a 27 de junho, o festival nova-iorquino dobra o número de noites dedicadas à MPB. Desta vez serão quatro concertos, em palcos nobres como o do Carnegie Hall e o do Avery Fisher Hall.
Esse destaque vem acompanhado de pompa e circunstância. Normalmente encabeçado por grandes astros do jazz ou do blues, o primeiro concerto no Carnegie Hall -dia 19 de junho- será estrelado por João Gilberto.
Em princípio, o cantor e compositor vai comemorar os 40 anos da bossa nova, acompanhado apenas por seu violão. Mas surpresas de última hora não estão descartadas.
"Chegamos a pensar em nomes de convidados, mas o João prefere surpreender a platéia", diz o produtor Hélio Alves, que acaba de assumir a coordenação das noites brasileiras do festival com sua empresa The Brazilian Beat.
Um dia após João Gilberto, será a vez de Maria Bethânia subir ao palco do Carnegie Hall, para apresentar o show "Âmbar/Imitação da Vida". A cantora não se exibe em Nova York há nove anos.
A presença brasileira no JVC Jazz Festival prossegue no dia 23 de junho. Acompanhada por sua banda, Gal Costa comemora 30 anos de carreira fonográfica, no palco do Avery Fisher Hall.
Já na noite seguinte, o concerto "Brazilian Jazz Ensemble" promete reunir no mesmo Avery Fisher uma verdadeira seleção do instrumental brasileiro. Além do violonista e cantor João Bosco, o show inclui Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti e Toninho Horta.
"É a primeira vez que esses quatro gigantes vão se apresentar juntos aqui em Nova York", comemora André Alves, animado com a expansão da música brasileira no evento nova-iorquino.
"Os shows brasileiros foram os de maior sucesso em 97. Por isso, sugeri a George Wein, diretor-geral do JVC, que aumentasse o número de concertos. É um verdadeiro festival de música brasileira dentro do festival de jazz."
O conceito de festival dentro do festival foi aplicado também a uma série de concertos na sala Sylvia and Danny Kaye Playhouse, que começa no dia 15 de junho. Graças a essa programação, as já tradicionais 9 noites do JVC Jazz Festival transformaram-se em 13.
Tributos ao pianista Fats Waller (no dia 15), ao compositor Harold Arlen (dia 18) e ao guitarrista Herb Ellis (dia 16), servirão de pretexto para as aparições de vários veteranos do jazz, como os trompetistas Clark Terry e Harry Edison, ou os guitarristas Charlie Byrd, Tal Farlow e o roqueiro Andy Summers.
Outro segmento que também vem ganhando mais espaço no festival é o da música afro-cubana. Como já acontecera em 97, o JVC dedica sua última noite, no Carnegie Hall, a um encontro de medalhões do gênero: a cantora Célia Cruz, o percussionista Tito Puente e o trompetista Arturo Sandoval.
Outras duas noites destacam atrações latinas. No dia 21, Rubén Blades canta no Carnegie Hall. Já no dia 26, o Hammerstein Ballroom promove encontro das bandas Los Van Van e Cubanismo.
Já entre as atrações mais jazzísticas, há opções para quase todos os gostos -do concerto da cantora Cassandra Wilson (que deve repetir algumas de suas recentes releituras de obras de Miles Davis) ao show comandado pelo organista Jack McDuff, ambos no dia 23.
Entre os concertos mais disputados pelos fãs do jazz também estará, certamente, o encontro do baterista T.S. Monk (filho de Thelonious Monk) com a Mingus Big Band. Ou a noite comandada pelo pianista Chick Corea, que inclui o trio do baterista Roy Haynes com o piano de Danilo Perez e o contrabaixo de John Pattitucci.



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