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Tributo incluirá obras eruditas
e raridades
DA REPORTAGEM LOCAL
De história já longa no underground paulistano (o
mesmo que viu nascer a tropicália), os músicos Loop B,
47, e Anvil FX, 35, pretendem fazer de "Experiências
Tropicais - Duprat Revisitado" uma homenagem irreverente ao maestro.
"Vamos pegar a obra e
brincar com ela, nem vamos
tratar com o respeito que poderia ser tratada, até por termos conhecido pessoalmente o Duprat. Sentir a pessoa
que ele é nos dá mais liberdade de brincar com seu trabalho", diz Loop B.
"E de tirar um sarro",
emenda Anvil FX, provocativo. "Para mim Duprat, sinceramente, é uma pessoa
muito importante na música
brasileira. Não é como um
deus, mas para mim é muito
bonito o trabalho que fez,
como também os que Boulez e Stockhausen fizeram.
Mas ele tem um fator especial, porque é brasileiro",
continua, diante de um Duprat constrangido.
"Vamos lá ver", limita-se a
reagir Duprat. "Se eu não
ouvir, não aplaudo."
Sob liderança de Loop B e
Anvil FX, "Experiências
Tropicais" reunirá no palco
ainda o músico (e sobrinho
de Rogério) Ruriá Duprat, a
cantora pop/eletrônica baiana Rebeca Matta, o cantor
Moisés Santana, os DJs Silvestre e DJ Tudo e um trio de
metais.
Interferências e releituras
devem se desdobrar por um
repertório que inclui obras
eruditas de Duprat (como
"Organismo" e a sinfonia
dos eletrodomésticos, aqui
batizada de "Quem Tem
Medo dos Eletrodomésticos?") e o relicário popular.
Desse último, devem entrar peças tropicalistas como
"Panis et Circensis" (de Caetano e Gil, gravada em 68 pelos Mutantes) e "Acrilírico"
(do disco de 69 de Caetano),
a pós-tropicália de "Épico"
(Caetano, 73) e "Cê Tá Pensando que Eu Sou Loki?"
(Arnaldo Baptista, 74).
Arnaldo fará uma participação especial na apresentação e será o único tropicalista original a subir no palco
do tributo, apesar de convites feitos também a Tom Zé
e a Rita Lee.
No setor "antitropicália", a
"Construção" de Chico
Buarque receberá também
seu ataque, assim como o tema gaúcho "Boi Barroso",
gravado por Elis Regina sob
orientação de Duprat.
Discografia
Em contato com Duprat e
seu sobrinho Ruriá para organizar o tributo, os dois
músicos conheceram parte
de uma vasta discografia
concebida pelo maestro e
nunca mais reeditada. Versátil, Duprat fez antes da tropicália discos orquestrais de
bossa nova ("Clássicos em
Bossa Nova") e até um inusitado LP para a Varig, chamado "Ritmos no Ar".
A peça mais obscura do
pacote, no entanto, chama-se "Nhô Look" e foi gravada
em 1970. Baseada num evento que hoje se chamaria "fashion", patrocinado pela
Rhodia, tinha o subtítulo
"As Mais Belas Canções Sertanejas" e, no repertório, temas como "Vida Marvada",
"Moda da Mula Preta" e
"Beijinho Doce". Nas vozes
em coro, é facilmente distinguível a de Rita Lee, então
ainda uma mutante prestes a
iniciar carreira solo. Era da
Philips (hoje Universal) e se
mantém inédita em CD, como tudo o mais.
(PAS)
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