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TV PAGA
Lucas, De Palma... quem é o avesso e o direito?
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Engraçado como a geração
dos cineastas americanos dos
anos 70 tomou caminhos distintos. Alguns mantiveram, em meio
às engrenagens, uma estética aguçada e crítica, como Martin Scorsese. Outros assumiram posição
quase empresarial, com seus filmes confirmando suas visões de
mundo não muito densas ou
preocupadas em sacudir a poeira
da mediocridade, como George
Lucas e Steven Spielberg.
Que fique claro: o fato de um cineasta, hoje, estar preso ao cinema comercial não o desqualifica.
James Cameron, por exemplo,
passou horas a fio com os executivos do blockbuster "Titanic", inclusive abrindo mão do salário,
para assim realizar um filme crítico e esteticamente soberbo.
O capital e a idéia de público
não são problemas. A questão é
Spielberg e Lucas rezarem pela ordem e clareza de sentido das coisas no mundo. Olhar ingênuo sobre a vida, o que é imperdoável
quando o assunto é arte.
Um pouco disso havia neles ainda nos anos 70, como em "Guerra
nas Estrelas", que consumiu a
saúde de Lucas, obcecado que estava em levar a cabo seu projeto.
Mas logo a seguir, em "O Império
Contra-Ataca" (Fox, 17h30), o
melhor filme da série, já estava ali
o Lucas empresário e comedido.
Para ilustrar, o melhor é assistir
ao policial "Olhos de Serpente"
(HBO2, 16h30), de seu colega
Brian De Palma. É um típico filme
de gênero que, logo de início,
mostra um enorme plano-seqüência, que dura até a cena do
crime.
Depois, a decupagem vai se "domesticando" ao passo que a verdade vem à tona. O que está em
pauta, então, é o exercício de cinema, onde a câmera passeia livre
pelos espaços, quase visível ao espectador graças aos seus movimentos. Daí que não há efeito da
Industrial Light & Magic que chegue aos pés do talento de um De
Palma.
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