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Virada começa com veterano do Buena Vista e nova geração
Barbarito Torres reúne jovem de 22 anos e cantor do Afro-Cuban All Stars em performance em que toca alaúde nas costas; evento tem mil atrações gratuitas
RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Entre barracas de pastéis e
filmes do Godzilla, bandas cover e sobreviventes de antigas
formações, palcos temáticos
dedicados a estilos como reggae
e rock, a Virada Cultural chega
à sua edição mais eclética.
Quase duas dezenas de palcos estão montados na região
do centro e da Luz (por toda a
cidade são mais de mil atrações
gratuitas), com shows de todos
os estilos, de todos os tamanhos, para todos os gostos.
Abrindo o evento, hoje, às
18h, no palco principal na praça
Júlio Prestes, estão os cubanos
Barbarito Torres -membro do
Buena Vista- e o cantor Ignacio "Mazacote" Carrillo. No
mesmo local, haverá shows de
Zélia Duncan, Céu e Instituto.
Bárbaro Alberto Torres Delgado, ou Barbarito, 54, ficou conhecido com o filme "Buena
Vista Social Club", que retratava nomes sublimes e quase esquecidos da música cubana.
Ao lado de artistas como os
saudosos Compay Segundo
(1907-2003) e Ibrahim Ferrer
(1927-2005), mas de uma geração mais jovem, Barbarito carrega a tradição tocando seu
alaúde com virtuosismo -já é
tradicional seu mise-en-scène
de tocar o instrumento nas costas, com os braços para trás.
Barbarito hoje se apresenta
com Ignacio "Mazacote" Carrillo -que não aparece no filme,
mas vem da mesma geração e
tradição que os cantores protagonistas. "Carrillo é um músico
veterano de Cuba, um dos mais
importantes do país", comentou Barbarito por telefone, de
sua casa, em Havana.
"Ele canta há muito tempo,
ficou famoso com orquestras
nos anos 40, depois como
membro do Afro-Cuban All
Stars. Tem 83 anos e está como
nunca! Cantando perfeitamente, bem de saúde, é incrível."
É a quarta vez que Barbarito
vem ao Brasil, e o enorme público da Virada não intimida.
Em visitas anteriores, em João
Pessoa e na Bahia, tocou a céu
aberto para uma plateia de até
300 mil pessoas. "É o sonho de
todo músico cubano tocar no
Brasil, tenho sorte."
"Todo artista cubano é fanático pela música brasileira, ela
é muito importante para nós.
Nossas músicas são parentes,
as raízes são as mesmas", diz.
O "rei do alaúde", como é
chamado, conta também que o
show é um momento de celebração da música cubana.
"Com três gerações de cantores: além do Ignacio, vão comigo as cantoras Conchita Torres
e Laritza Bacallao", explica.
"Conchita é especialista em
música rural cubana. E Laritza
é uma jovenzinha de 22 anos
que conhece os pilares, mas
tem estilo novo."
Entre os outros destaques da
Virada, que começa os últimos
shows às 18h de amanhã, estão
Hermeto Pascoal e o tradicional ponto de música brega no
largo do Arouche.
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