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EVENTO
Organizadores trabalham para confirmar atrações artísticas paralelas ao encontro programado para SP neste mês
Fórum Mundial Cultural faz corrida contra o tempo
DA REPORTAGEM LOCAL
Na contagem regressiva para o
Fórum Cultural Mundial -que
São Paulo sedia a partir do próximo dia 26 até 4 de julho-, as lacunas na programação desafiam
os dias restantes.
O show programado para a
abertura do evento, reunindo o
músico e ministro da Cultura brasileiro, Gilberto Gil, e o cantor e
compositor franco-espanhol Manu Chao, é uma das pendências.
A apresentação conjunta estava
confirmada (na quinta passada)
para o início da maratona, dia 26,
em área livre do Anhembi, endereço-sede da espinha dorsal do fórum -a conferência global, que
pretende reunir 8.000 pessoas para uma ampla discussão sobre indústria cultural.
Na sexta, a organização viu a luz
amarela acender. A agenda de
compromissos do ministro, segundo a assessoria de imprensa
do fórum, talvez obrigue a um
malabarismo na data.
Diversas outras atrações da
mostra artística, que se espalhará
por São Paulo paralelamente às
discussões no Anhembi -ocupando sobretudo os endereços do
Sesc, parceiro na realização do fórum-, também ainda carecem
de definição quanto a horários e/
ou locais de apresentação, ou do
valor dos ingressos.
Processo coletivo
Idealizador do Fórum Cultural
Mundial, Ruy César Silva, que
preside a ONG Via Magia, diz que
é mesmo "difícil ficar quase tudo
pronto, num processo coletivo de
grande monta, com muitas organizações harmonizando interesses e demandas".
A proposta de Silva de realizar
no Brasil uma discussão mundial
sobre as principais questões relacionadas à produção e ao consumo da cultura foi encampada pelos governos municipal e estadual
de São Paulo e também pelo governo federal.
É das instâncias governamentais que provém a maior parte dos
recursos financeiros para a realização do fórum -R$ 10 milhões,
se contadas suas edições regionais
preparatórias, e R$ 7 milhões, se
computado apenas o orçamento
do grande encontro paulista.
Desse investimento, R$ 1,5 milhão foi obtido com benefício da
Lei Rouanet, de renúncia fiscal, à
qual Silva quis dar, propositalmente, um papel coadjuvante nos
debates propostos e nas palestras
de especialistas contratados.
"Como no Brasil reduziu-se
muito a discussão [do financiamento da cultura] à questão das
leis, fizemos o contrário. Nós excluímos esse tema da discussão, e
foi muito proveitoso", diz.
Silva diz que o Fórum Cultural
Mundial busca discutir alternativas ao fazer cultura a partir de um
outro paradigma, distinto do das
leis, "que se referem sempre a
eventos curtos". O foco das discussões será "como possibilitar
cooperação, ao contrário da competição surda, de quem chega primeiro, para conseguir um pedacinho da verba".
Revisão
Os superlativos objetivos do fórum (de reunir no Brasil teóricos
e artistas de todos os continentes e
nomes e números à altura de um
orçamento entre R$ 20 milhões e
R$ 30 milhões), divulgados no
ano passado, sofreram revisão.
"A mostra asiática e do Oriente
Médio ainda é pequena", observa
Silva. O foco geopolítico acabou
se deslocando, em conseqüência,
para um imaginário eixo "Brasil,
América Latina, África", como
expressão "de uma tendência temática de promover o diálogo intercultural entre países da periferia", diz Silva.
Na vertente da dança, a mostra
artística registra três companhias
de origem africana: a senegalesa
Germaine Acogny, a cabo-verdiana Raiz di Polon e a moçambicana
Panaíbra Gabriel Culturarte.
Na música, o nigeriano Tony
Allen divide o palco com a brasileira Sandra de Sá, e o angolano
Bonga leva seu som ao encontro
do samba do baiano Riachão.
(SILVANA ARANTES)
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