São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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Diversidade de filmes corre risco, afirma pesquisador

Michel Marie é otimista com difusão pela internet

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Integrante do júri da 9ª edição do Fica (Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental), que termina amanhã na cidade de Goiás (GO), o pesquisador e teórico francês Michel Marie avalia a importância de o cinema absorver a temática ambientalista.
"O sucesso mundial do documentário "Uma Verdade Inconveniente" é exemplar do interesse por essa questão. O cinema sempre exerceu um papel de provocador de tomadas de consciência, portanto neste momento, em que se tornou imperativo que todos estejamos atentos ao problema ambiental, ele também é fundamental para o debate público", afirma o pesquisador.
Entre outras atrações, o festival tem uma mostra competitiva, que, neste ano, é composta de 31 títulos, dos quais 20 são estrangeiros e 11 brasileiros.
Em uma paisagem audiovisual cada vez mais ocupada e com ampliação crescente dos meios de produção e de canais de distribuição, como o YouTube, tornou-se relevante prestarmos atenção à "ecologia das imagens".
Para ele, "a extraordinária proliferação da difusão e da produção de imagens é bastante positiva porque permite a muitos cineastas se expressarem de uma maneira como nunca foi possível. E permite liberar a concentração do poder da informação das mãos da mídia. Ainda não temos recuo suficiente para avaliar o impacto disso, mas pode acontecer o mesmo que ocorreu quando o cinema apareceu, no fim do século 19, alterando nossa visão do mundo ao trazer imagens vistas apenas localmente".
Por outro lado, a ocupação de centenas de salas por blockbusters é razão de preocupação. "A concentração provoca o risco de redução do acesso a uma diversidade que foi conquistada em anos recentes, quando se pôde conhecer a rica produção de filmes como os argentinos, os orientais e os brasileiros."
Em meio a tantos modos de acesso a filmes, como a internet e o DVD, as salas de cinema passam a ser um espaço privilegiado. "Elas podem se tornar algo como as salas de exposição, os museus. O progresso tecnológico, a adoção do formato digital está provocando uma transformação da experiência do cinema, não vejo nisso nenhum risco de extinção."
Como parte de suas atividades, Marie dará uma aula sobre Godard na próxima quarta, às 14h, no campus Vila Olímpia da Universidade Anhembi Morumbi (r. Casa do Ator, 275, sala 768, unidade 7, SP; informações pelo e-mail mecomunicacao@anhembi.br).


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