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Diversidade de filmes corre risco, afirma pesquisador
Michel Marie é otimista com difusão pela internet
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Integrante do júri da 9ª edição do Fica (Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental), que termina amanhã
na cidade de Goiás (GO), o pesquisador e teórico francês Michel Marie avalia a importância
de o cinema absorver a temática ambientalista.
"O sucesso mundial do documentário "Uma Verdade Inconveniente" é exemplar do interesse por essa questão. O cinema sempre exerceu um papel
de provocador de tomadas de
consciência, portanto neste
momento, em que se tornou
imperativo que todos estejamos atentos ao problema ambiental, ele também é fundamental para o debate público",
afirma o pesquisador.
Entre outras atrações, o festival tem uma mostra competitiva, que, neste ano, é composta
de 31 títulos, dos quais 20 são
estrangeiros e 11 brasileiros.
Em uma paisagem audiovisual cada vez mais ocupada e
com ampliação crescente dos
meios de produção e de canais
de distribuição, como o YouTube, tornou-se relevante prestarmos atenção à "ecologia das
imagens".
Para ele, "a extraordinária
proliferação da difusão e da
produção de imagens é bastante positiva porque permite a
muitos cineastas se expressarem de uma maneira como
nunca foi possível. E permite liberar a concentração do poder
da informação das mãos da mídia. Ainda não temos recuo suficiente para avaliar o impacto
disso, mas pode acontecer o
mesmo que ocorreu quando o
cinema apareceu, no fim do século 19, alterando nossa visão
do mundo ao trazer imagens
vistas apenas localmente".
Por outro lado, a ocupação de
centenas de salas por blockbusters é razão de preocupação. "A
concentração provoca o risco
de redução do acesso a uma diversidade que foi conquistada
em anos recentes, quando se
pôde conhecer a rica produção
de filmes como os argentinos,
os orientais e os brasileiros."
Em meio a tantos modos de
acesso a filmes, como a internet
e o DVD, as salas de cinema
passam a ser um espaço privilegiado. "Elas podem se tornar algo como as salas de exposição,
os museus. O progresso tecnológico, a adoção do formato digital está provocando uma
transformação da experiência
do cinema, não vejo nisso nenhum risco de extinção."
Como parte de suas atividades, Marie dará uma aula sobre
Godard na próxima quarta, às
14h, no campus Vila Olímpia da
Universidade Anhembi Morumbi (r. Casa do Ator, 275, sala
768, unidade 7, SP; informações pelo e-mail mecomunicacao@anhembi.br).
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