São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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SÃO PAULO FASHION WEEK

Grifes desafiam os clichês do verão praiano e tropical

No segundo dia de desfiles, Maria Bonita renova nos looks esportivos; Herchcovitch abala com guerreiros death metal

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA

VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os melhores estilistas da SPFW estão fugindo dos clichês do verão tropical e praiano como o diabo foge da cruz.
Até agora, as passarelas do evento mostraram propostas muito avessas aos estereótipos que costumam sufocar a temporada quente no Brasil com estamparias florais, cores vivas e silhuetas soltas ao vento.
As grifes com mais personalidade estão apostando num verão essencialmente urbano, pensado para o asfalto, bem distante do mar, com tons escuros (sobretudo o preto).
O desfile da grife Maria Bonita abriu o segundo dia do evento dando a esse espírito da temporada uma interpretação melancólica e racional, com um olhar contemporâneo e inovador sobre os looks esportivos e utilitários. Foi um dos melhores momentos da estilista Danielle Jensen e de sua equipe.
Ao som de "O, Superman", de Laurie Anderson, o desfile começa com um collant-blazer que sugere uma comunicação entre os elementos masculino e feminino. As modelos caminham sob uma pista encharcada, num belo cenário pós-chuva criado por Daniela Thomas.
Aparecem séries de peças em moletom -calças e blazeres ganham bolsos e detalhes plastificados- e, depois, ótimas estampas: as mulheres não querem flores, preferem decorar a roupa com a geometria dura da cidade, em listras, quadrados e polígonos em disposição caótica. O desfile termina com capas transparentes, o casaco de verão dessas garotas da rua.
Wilson Ranieri deu seqüência às pesquisas com a moulage, desta vez sem conseguir tanto impacto. O desfile começou forte, com uma série de looks brancos desconstruídos e seguiu bem até os looks amassadinhos de Drielle Valeretto. Na segunda parte da apresentação, as estampas pesaram e as modelagens não decolaram. Muito talentoso, faltou talvez ao estilista um tempinho extra para renovar seu repertório.

Exército metal
Após desconstruir o smoking em sua coleção feminina, Alexandre Herchcovitch atacou de death e black metal e reinventou a elegância rocker em seu excelente desfile masculino.
Cabeludos maquiados como metaleiros entraram com pose de durões, com direito a ombradas na entrada da passarela. Testosterona pura.
Na roupa, a jogada de mestre: a sofisticação da alfaiataria, com calças, blazers e coletes, em tons de preto, branco e vermelho, está à altura de qualquer dândi, mas incorpora acessórios como coletes de correntes e plumas e sapatos-botas com aplicações metálicas.
As jaquetas aparecem com capuzes que podem ser amarrados na parte de trás da cabeça, e, na frente, chegam quase a cobrir os olhos, um efeito ainda mais sombrio e original.
Fashionistas e rockers finos aplaudem, e Herchcovitch -com a ajuda preciosa do styling inteligente de Maurício Ianês- sai ovacionado ao lado de seu exército de garotos "from hell".


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