|
Texto Anterior | Índice
SÃO PAULO FASHION WEEK
Grifes desafiam os clichês do verão praiano e tropical
No segundo dia de desfiles, Maria Bonita renova nos looks esportivos; Herchcovitch abala com guerreiros death metal
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os melhores estilistas da
SPFW estão fugindo dos clichês do verão tropical e praiano
como o diabo foge da cruz.
Até agora, as passarelas do
evento mostraram propostas
muito avessas aos estereótipos
que costumam sufocar a temporada quente no Brasil com
estamparias florais, cores vivas
e silhuetas soltas ao vento.
As grifes com mais personalidade estão apostando num verão essencialmente urbano,
pensado para o asfalto, bem
distante do mar, com tons escuros (sobretudo o preto).
O desfile da grife Maria Bonita abriu o segundo dia do evento dando a esse espírito da temporada uma interpretação melancólica e racional, com um
olhar contemporâneo e inovador sobre os looks esportivos e
utilitários. Foi um dos melhores momentos da estilista Danielle Jensen e de sua equipe.
Ao som de "O, Superman", de
Laurie Anderson, o desfile começa com um collant-blazer
que sugere uma comunicação
entre os elementos masculino e
feminino. As modelos caminham sob uma pista encharcada, num belo cenário pós-chuva criado por Daniela Thomas.
Aparecem séries de peças em
moletom -calças e blazeres ganham bolsos e detalhes plastificados- e, depois, ótimas estampas: as mulheres não querem flores, preferem decorar a
roupa com a geometria dura da
cidade, em listras, quadrados e
polígonos em disposição caótica. O desfile termina com capas
transparentes, o casaco de verão dessas garotas da rua.
Wilson Ranieri deu seqüência às pesquisas com a moulage,
desta vez sem conseguir tanto
impacto. O desfile começou
forte, com uma série de looks
brancos desconstruídos e seguiu bem até os looks amassadinhos de Drielle Valeretto. Na
segunda parte da apresentação,
as estampas pesaram e as modelagens não decolaram. Muito
talentoso, faltou talvez ao estilista um tempinho extra para
renovar seu repertório.
Exército metal
Após desconstruir o smoking
em sua coleção feminina, Alexandre Herchcovitch atacou de
death e black metal e reinventou a elegância rocker em seu
excelente desfile masculino.
Cabeludos maquiados como
metaleiros entraram com pose
de durões, com direito a ombradas na entrada da passarela.
Testosterona pura.
Na roupa, a jogada de mestre:
a sofisticação da alfaiataria,
com calças, blazers e coletes,
em tons de preto, branco e vermelho, está à altura de qualquer dândi, mas incorpora
acessórios como coletes de correntes e plumas e sapatos-botas com aplicações metálicas.
As jaquetas aparecem com
capuzes que podem ser amarrados na parte de trás da cabeça, e, na frente, chegam quase a
cobrir os olhos, um efeito ainda
mais sombrio e original.
Fashionistas e rockers finos
aplaudem, e Herchcovitch
-com a ajuda preciosa do
styling inteligente de Maurício
Ianês- sai ovacionado ao lado
de seu exército de garotos
"from hell".
Texto Anterior: Atrizes rivalizam com modelos em desfiles Índice
|