São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2011

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ANÁLISE

Produção árabe está longe de se organizar em um único bloco

SAMY ADGHIRNI
DE SÃO PAULO

O Festival de Cinema Árabe expõe não somente o mal-estar que antecedeu a atual onda de revoltas, como também o papel do cinema nas sociedades da região.
Longe de formar um bloco monolítico, o cinema árabe reflete a diversidade de contextos no qual é produzido. Fazer filmes tem significado diferente em cada país.
Não é por acaso que o Egito há tempos tem a produção mais farta e mais visível. O país é o mais populoso da região e passou as últimas décadas governado por militares laicos que estavam mais preocupados em reprimir grupos oposicionistas do que artistas.
Os principais centros urbanos do Marrocos, tido como um dos países árabes mais tolerantes política e moralmente, também têm programação variada.
Boa parte dos filmes marroquinos de sucesso nos últimos anos, como "Casanegra", mostram sem complexo o submundo de miséria, sexo e drogas, numa crueza de retrato impensável em muitos outros países.
Os religiosos mais conservadores chiam e dizem que os cineastas marroquinos não passam de provocadores educados na Europa. Mas o rei não dá a mínima.
A sociedade do Iêmen, por outro lado, tende a ser extremamente conservadora. Ver filmes é tido como uma diversão ocidental. Os protestos antirregime devem selar o fim das poucas salas de cinema da capital, Sanaa.

O jornalista SAMY ADGHIRNI é especialista em assuntos árabes.


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