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NA REDE
Campeões do download
Com quase 800 mil arquivos, o Mininova, site mais popular para baixar filmes
e séries, cresce e sofre seu primeiro processo, de organização holandesa
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você tem o hábito de baixar filmes e séries de TV, certamente já passou pelo site holandês Mininova.org -afinal,
uma média de 2 milhões de visitantes únicos passa ali por dia
(cerca de 35 milhões por mês).
É o maior site de downloads
do mundo, com quase 800 mil
arquivos (filmes, séries, músicas, jogos, todos colocados no
ar pelos usuários) disponíveis,
gratuitamente, no formato de
torrent.
"Somos o 60º maior site da internet, mas se você comparar
com o Google ou o Yahoo, ainda
somos bem pequenos", diz, por
e-mail, Erik Dubbelboer, presidente da empresa.
Criado (e mantido desde então)
por cinco amigos universitários, o Mininova seguiu uma rota conhecida na web: viu sua
popularidade crescer na base
do boca-a-boca, passou a vender espaço para anúncios e, em
pouco tempo, virou empresa.
O crescimento do site desde
sua criação, em janeiro de 2005
(sucedendo ao popular Suprno
va.org, tirado do ar por questões legais), é notável: em 2006,
"mininova" foi a nona palavra
mais pesquisada do ano, no
Google; em janeiro de 2007,
chegou à marca de 1 bilhão de
downloads e, há pouco mais de
um mês, ultrapassou os 5 bilhões (mesmo sem material
pornô, vetado no site).
O Brasil participa dessa audiência desde o começo -um
dos cinco primeiros arquivos
do site foi o do disco "Compact
Jazz", de Astrud Gilberto.
"Seu país é a sexta maior fonte
de tráfego para o site. São cerca
de 3,8 milhões de visitantes
brasileiros por mês, principalmente São Paulo e Rio."
Uma olhada na lista de mais
baixados do site dá uma dimensão do que atrai o público: em
2007, o campeão dos filmes foi
"Transformers" (569.259 downloads), e o das séries, "Heroes"
(2.439.154 downloads).
O mais baixado atualmente é
uma coletânea dos 125 principais artistas de hip hop e R&B
da Billboard.
Lei
Mesmo sendo a maior referência para os downloads que
tanto preocupam a indústria, o
Mininova não sofre a feroz perseguição -com ataques na Justiça e na internet- de similares
como o piratebay.org.
Isso porque o site é bem mais
amigável às instituições -ele,
por exemplo, tira do ar links
para material com direito autoral protegido, quando os donos
da obra pedem (o Pirate Bay,
além de não tirar, ainda ridiculariza as ameaças recebidas).
Há dois meses, no entanto, o
site foi processado pela organização holandesa anti-pirataria
Brein, que representa diversas
empresas afetadas. "Estávamos negociando com eles, mas
não chegamos a um acordo. É a
primeira vez que o Mininova é
processado, mas vamos à corte
com plena confiança, pois operamos dentro da lei, retiramos
material ilegal quando pedido."
A Brein responsabiliza o site
por disponibilizar material
com direito autoral protegido e
exige a instalação de um filtro
para prevenir esse tipo de infração dos usuários.
O Mininova se defende dizendo que não mantém os arquivos (diferentemente do
YouTube, por exemplo): eles ficam nos computadores dos
usuários, que trocam entre si.
O site é apenas para busca.
Além disso, nem todo material tem direito autoral protegido e nem todo país criminaliza
este tipo de download (a Holanda, por exemplo, autoriza).
No caso do Brasil, há um projeto de lei no Senado que prevê
a criminalização de quem baixa
e troca arquivos sem autorização do titular. Pela legislação
atual (não específica sobre internet), o download já pode ser
enquadrado como desrespeito
ao direito autoral, mas as ações
contra os internautas não são
comuns.
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