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Crise econômica retrai festivais corporativos
Empresas seguraram investimentos, impossibilitando a realização de eventos
De acordo com produtores, em 2010 os festivais devem voltar; no final deste ano, haverá "congestionamento" de shows no Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
Há um consenso entre os
produtores brasileiros de eventos pop: com a crise econômica,
as grandes empresas frearam
seus investimentos em marketing em 2009, afetando a produção dos festivais de música.
"As empresas têm uma real
precaução com a crise e isso
acaba gerando uma postura um
pouco mais conservadora. É
natural. Elas aproveitaram o
momento para reavaliar suas
táticas de mercado, e isso inclui
os patrocínios", afirma Jeffrey
Neale, da Dueto, produtora responsável pelo Tim Festival
-que não acontecerá em 2009.
"As grandes marcas priorizaram a comunicação mais direta
com o cliente em vez de realizar
esses eventos em que agregam
valor", ecoa o produtor Marcos
Boffa. "É o caso da Tim. Por isso
não haverá Tim Festival."
Um dos principais produtores de shows do Brasil (Radiohead; Rolling Stones em Copacabana; U2), Luiz Oscar Niemeyer diz que a crise econômica "obrigou as empresas patrocinadoras a rever seus orçamentos, gastos e investimentos". "Infelizmente, afetou o
patrocínio de eventos musicais.
Foi a principal causa da diminuição do número de festivais."
Para Paola Wescher, que
prioriza contratos com bandas
e artistas menores, independentes, "a crise afetou principalmente o mercado dos grandes shows e festivais. As empresas estão dando menos dinheiro para esse tipo de evento.
Quem depende de grandes patrocínios está sofrendo."
Mas os empresários apostam, com um certo otimismo,
que essa paisagem deverá mudar em 2010: "Com a volta do
crescimento econômico do
país, novos festivais surgirão",
opina Niemeyer.
Esse otimismo é compartilhado com outros agentes.
"Em 2010 o panorama vai
mudar, sim. O pânico vai passar
e novos eventos culturais surgirão", diz Jeffrey Neale.
Sem reclamação
Jorge Maluf, diretor do Via
Funchal, ilustra com alguns
números a estabilidade do mercado de shows neste ano.
"Tivemos em nossa casa 36
apresentações no primeiro se
mestre, o que acompanha
nossas médias históricas. Já temos dez shows agendados para
agosto. Até o final do ano, teremos mais de cem eventos. Se
2010 for igual a 2009, não teremos do que reclamar."
Além da quantidade de eventos, o empresário afirma que a
bilheteria continua favorável.
Entre os próximos shows agendados para o Via Funchal (cuja
capacidade chega a 6.000 pessoas), estão o da cantora Cat
Power ("praticamente esgotado"), do grupo Information Society ("está indo muito bem") e
de Tony Braxton ("ela deve lotar as duas apresentações").
O valor dos ingressos, diz
Maluf, não foi alterado por causa da crise econômica.
"Não adianta extrapolar. O
público sabe quanto vale cada
artista. O povo não compra ingresso se um espetáculo estiver
superavaliado."
E, como aconteceu em 2008,
neste ano deverá haver um
congestionamento de eventos
entre outubro e novembro:
além dos festivais Planeta Terra, OI Fashion Rock e About Us,
deve haver apresentações de
bandas como AC/DC, Coldplay
e Depeche Mode.
(TN)
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