São Paulo, quarta-feira, 15 de julho de 2009

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Crise econômica retrai festivais corporativos

Empresas seguraram investimentos, impossibilitando a realização de eventos

De acordo com produtores, em 2010 os festivais devem voltar; no final deste ano, haverá "congestionamento" de shows no Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

Há um consenso entre os produtores brasileiros de eventos pop: com a crise econômica, as grandes empresas frearam seus investimentos em marketing em 2009, afetando a produção dos festivais de música.
"As empresas têm uma real precaução com a crise e isso acaba gerando uma postura um pouco mais conservadora. É natural. Elas aproveitaram o momento para reavaliar suas táticas de mercado, e isso inclui os patrocínios", afirma Jeffrey Neale, da Dueto, produtora responsável pelo Tim Festival -que não acontecerá em 2009.
"As grandes marcas priorizaram a comunicação mais direta com o cliente em vez de realizar esses eventos em que agregam valor", ecoa o produtor Marcos Boffa. "É o caso da Tim. Por isso não haverá Tim Festival."
Um dos principais produtores de shows do Brasil (Radiohead; Rolling Stones em Copacabana; U2), Luiz Oscar Niemeyer diz que a crise econômica "obrigou as empresas patrocinadoras a rever seus orçamentos, gastos e investimentos". "Infelizmente, afetou o patrocínio de eventos musicais. Foi a principal causa da diminuição do número de festivais."
Para Paola Wescher, que prioriza contratos com bandas e artistas menores, independentes, "a crise afetou principalmente o mercado dos grandes shows e festivais. As empresas estão dando menos dinheiro para esse tipo de evento. Quem depende de grandes patrocínios está sofrendo."
Mas os empresários apostam, com um certo otimismo, que essa paisagem deverá mudar em 2010: "Com a volta do crescimento econômico do país, novos festivais surgirão", opina Niemeyer.
Esse otimismo é compartilhado com outros agentes.
"Em 2010 o panorama vai mudar, sim. O pânico vai passar e novos eventos culturais surgirão", diz Jeffrey Neale.

Sem reclamação
Jorge Maluf, diretor do Via Funchal, ilustra com alguns números a estabilidade do mercado de shows neste ano.
"Tivemos em nossa casa 36 apresentações no primeiro se
mestre, o que acompanha nossas médias históricas. Já temos dez shows agendados para agosto. Até o final do ano, teremos mais de cem eventos. Se 2010 for igual a 2009, não teremos do que reclamar."
Além da quantidade de eventos, o empresário afirma que a bilheteria continua favorável. Entre os próximos shows agendados para o Via Funchal (cuja capacidade chega a 6.000 pessoas), estão o da cantora Cat Power ("praticamente esgotado"), do grupo Information Society ("está indo muito bem") e de Tony Braxton ("ela deve lotar as duas apresentações").
O valor dos ingressos, diz Maluf, não foi alterado por causa da crise econômica.
"Não adianta extrapolar. O público sabe quanto vale cada artista. O povo não compra ingresso se um espetáculo estiver superavaliado."
E, como aconteceu em 2008, neste ano deverá haver um congestionamento de eventos entre outubro e novembro: além dos festivais Planeta Terra, OI Fashion Rock e About Us, deve haver apresentações de bandas como AC/DC, Coldplay e Depeche Mode. (TN)


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