São Paulo, quarta-feira, 15 de julho de 2009

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O show não para

Calendário pop brasileiro ferve com apresentações de artistas de peso, apesar da diminuição do número de festivais bancados por empresas

Kevork Djansezian/Associated Press
MARIAH CAREY
Após se apresentar no funeral de Michael Jackson, a cantora visitará o Brasil no dia 24 de outubro


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise econômica que se alastrou pelo planeta desde setembro de 2008 atingiu apenas parcialmente o mercado de shows internacionais do Brasil. Parcialmente porque, se o calendário de festivais corporativos diminuiu drasticamente, muitos artistas continuam desembarcando no país para apresentações individuais.
É como se esse mercado estivesse dividido em dois. De um lado, eventos como Tim Festival, Skol Beats, Orloff 5, Nokia Trends e Motomix, entre outros, que, pelo menos por enquanto, desapareceram. Do outro lado, encontram-se datas fechadas por gente como Radiohead, Elton John e Jonas Brothers, para ficar em alguns dos nomes que já pisaram nos palcos brasileiros em 2009.
Produtores ouvidos pela Folha afirmam que, enquanto as empresas que costumam patrocinar grandes eventos seguraram seus investimentos com receio de que a crise se agravasse, há algumas razões que explicam a estabilidade da agenda de shows pop internacionais -agenda que deve ser preenchida, até o final do ano, por Mariah Carey, Depeche Mode, Faith No More e AC/DC.
"O circo não para. Houve, sim, uma adaptação à nova realidade", opina Willian Crunfli, presidente da Mondo Entretenimento, empresa responsável por contratar artistas como Jonas Brothers e Bob Dylan.
Uma dessas adaptações: "O dólar não está tão caro, o que ajuda na contratação de artistas", diz Marcos Boffa, que este ano trouxe bandas como The View e Matt & Kim. "Além disso, as pessoas não querem parar de ir a shows. Se não der para ir a dois, vão a apenas um. Mas vão."
Segundo os produtores, o movimento de artistas estrangeiros no Brasil no segundo semestre será maior do que o dos primeiros seis meses do ano.
"No segundo semestre, haverá congestionamento [de eventos]", diz Boffa. "Até porquê há festivais argentinos e chilenos que atraem bandas para cá."
Um desses festivais é o Pepsi Music, que levará a Buenos Aires, no final de outubro, a banda americana Faith No More. Dias depois, ela deve se apresentar em São Paulo.

Paraíso dos cachês
Outro motivo que faz os artistas estrangeiros olharem com carinho para o Brasil: aqui se paga cachê mais alto do que na Europa e nos EUA -Brasil, Japão e Austrália são os grandes pagadores do showbiz hoje.
"Normalmente, as bandas acertam os shows no Brasil quando as turnês europeia e americana estão terminando", explica a produtora Paola Wescher (que traz o grupo Friendly Fires em agosto). "Neste ano, estamos recebendo ofertas para incluir o Brasil no meio das turnês do hemisfério Norte."
Jeffrey Neale, da Dueto (que até 2008 era responsável pela produção do Tim Festival), cita dois motivos pelos quais o Brasil segue no radar pop:
"Os estrangeiros são encantados com o país, e isso facilita. Em segundo lugar, o Brasil é um mercado muito forte, que tem uma economia estável e mantém uma massa salarial."
Mas para Ana Garcia, que até o final do ano produzirá apresentações de gente como o francês Sebastien Tellier, essa afeição ao Brasil não está tão forte: "As bandas querem tocar mais e por cachês mais altos. Alguns desses artistas estão dando prioridades aos grandes festivais europeus".


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