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Paulínia passa concorrentes para trás
Evento paulista, que abre hoje, se dá bem na disputa por filmes inéditos com os festivais de Brasília e Gramado
Dinheiro de imposto que a cidade coloca na produção de longas desperta o interesse de produtores e diretores
ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO
Não foi sem algum sufoco
que, há três anos, Ivan Melo
realizou a primeira edição do
Festival de Paulínia. "Confesso que tive que ligar para
as pessoas pedindo filmes",
conta. "Tivemos só 15 inscritos. Todos foram exibidos."
Este ano, foram 83 os longas-metragens inscritos.
Destes, 12 foram selecionados para a competição que
será dividida entre documentário e ficção. O maior prêmio
é de R$ 150 mil.
"Desde o começo do ano,
faço contatos, pergunto para
os produtores se não querem
guardar o filme para Paulínia", afirma Melo. Segundo
ele, "muitos topam porque o
festival faz parte de um projeto muito maior."
O projeto é o polo de cinema de Paulínia, que nasceu
com cara de ficção científica,
em 2008, mas participou, até
agora, da produção de 27 filmes nacionais.
Graças ao dinheiro que
brota do polo petroquímico,
o município, a 120 quilômetros da capital, conseguiu, do
dia para a noite, emplacar
seu festival no calendário do
cinema nacional.
Em público, produtores e
distribuidores fogem do tema como o diabo da cruz.
Não querem criar confusão.
Em off, admitem que Paulínia, para muitos filmes, tornou-se mais atraente como
plataforma -sem trocadilho
com o petróleo- que os tradicionais eventos de Gramado e Brasília.
ATRÁS DO INÉDITO
Para compreender a disputa entre festivais é preciso
ter em vista que o país possui
mais de 150 eventos do gênero. Como fazer para diferenciar-se? O recorte temático é
uma maneira. Os filmes inéditos, outra.
"Vivemos de patrocínio e
os patrocinadores querem
mídia. A mídia só vem se
houver filmes inéditos", diz
Fernando Adolfo, diretor do
Festival de Brasília, que chega à 43ª edição.
Leon Cakoff, da Mostra de
São Paulo, reserva um prêmio especial aos brasileiros
que debutam em suas telas.
Mas alfineta: "Caprichos de
ineditismo apenas prejudicam as plateias".
O Festival do Rio, mesmo
com os projetores abertos a
todos, também restringe a
competição aos inéditos.
"Temos o bom senso de
não prejudicar ninguém",
diz Ilda Santiago. "Mas claro
que temos um carinho especial pelo filme que dá prioridade ao evento".
Esse filme dos festivais, roteirizado com telefonemas e
produções lançadas ainda na
ilha de edição, o público
nunca verá.
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