São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2010

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Paulínia passa concorrentes para trás

Evento paulista, que abre hoje, se dá bem na disputa por filmes inéditos com os festivais de Brasília e Gramado

Dinheiro de imposto que a cidade coloca na produção de longas desperta o interesse de produtores e diretores

ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

Não foi sem algum sufoco que, há três anos, Ivan Melo realizou a primeira edição do Festival de Paulínia. "Confesso que tive que ligar para as pessoas pedindo filmes", conta. "Tivemos só 15 inscritos. Todos foram exibidos."
Este ano, foram 83 os longas-metragens inscritos. Destes, 12 foram selecionados para a competição que será dividida entre documentário e ficção. O maior prêmio é de R$ 150 mil.
"Desde o começo do ano, faço contatos, pergunto para os produtores se não querem guardar o filme para Paulínia", afirma Melo. Segundo ele, "muitos topam porque o festival faz parte de um projeto muito maior."
O projeto é o polo de cinema de Paulínia, que nasceu com cara de ficção científica, em 2008, mas participou, até agora, da produção de 27 filmes nacionais.
Graças ao dinheiro que brota do polo petroquímico, o município, a 120 quilômetros da capital, conseguiu, do dia para a noite, emplacar seu festival no calendário do cinema nacional.
Em público, produtores e distribuidores fogem do tema como o diabo da cruz. Não querem criar confusão.
Em off, admitem que Paulínia, para muitos filmes, tornou-se mais atraente como plataforma -sem trocadilho com o petróleo- que os tradicionais eventos de Gramado e Brasília.

ATRÁS DO INÉDITO
Para compreender a disputa entre festivais é preciso ter em vista que o país possui mais de 150 eventos do gênero. Como fazer para diferenciar-se? O recorte temático é uma maneira. Os filmes inéditos, outra.
"Vivemos de patrocínio e os patrocinadores querem mídia. A mídia só vem se houver filmes inéditos", diz Fernando Adolfo, diretor do Festival de Brasília, que chega à 43ª edição.
Leon Cakoff, da Mostra de São Paulo, reserva um prêmio especial aos brasileiros que debutam em suas telas. Mas alfineta: "Caprichos de ineditismo apenas prejudicam as plateias".
O Festival do Rio, mesmo com os projetores abertos a todos, também restringe a competição aos inéditos.
"Temos o bom senso de não prejudicar ninguém", diz Ilda Santiago. "Mas claro que temos um carinho especial pelo filme que dá prioridade ao evento".
Esse filme dos festivais, roteirizado com telefonemas e produções lançadas ainda na ilha de edição, o público nunca verá.


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