São Paulo, quarta-feira, 15 de agosto de 2001

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MTV aplaude os clipes a que você mal assistiu

Divulgação
"Enrosca", vídeoclipe de Sandy & Júnior, que concorre em seis categorias no VMB


VMB premia vídeos, que perdem espaço, na emissora, para programas de comportamento

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem assistir ao Video Music Brasil, que vai ao ar amanhã pela MTV, a partir das 22h, terá a chance de ver, pelo menos por alguns instantes, os 53 videoclipes que concorrem na premiação.
Na ocasião, os clipes, antigos astros da programação da emissora, voltam a ser destaque, no lugar de programas sobre comportamento, entrevistas, paquera etc. etc., que têm tomado conta do canal.
Ainda na área das atrações musicais, o VMB apresentará parcerias inéditas, como a dupla Rodolfo (ex-Raimundos) e a banda Natirus, além de uma aparição de Roberto Carlos, que deve se apresentar no formato acústico.
Hoje, segundo a MTV, os videoclipes ainda povoam de 60% a 70% da programação. Porém no horário nobre a atenção se volta para o entretenimento não musical de atrações como "Fica Comigo", "Meninas Veneno", "Erótica". No passado, os clipes tinham como rivais uma ou outra atração importada e drops de notícias.
"Essa percepção acontece por causa do sucesso que os programas alcançaram. De conteúdo musical no horário nobre, só mesmo o [programa] "Piores Clipes". Mas, comparado ao ano passado, a quantidade de música é a mesma", calcula o diretor-geral da emissora, André Mantovani, 36. "É mais fácil fazer barulho com o [programa] "Fica Comigo" do que com o novo clipe do U2."
O diretor de programação da emissora, Zico Góes, 37, também fala sobre os programas de entretenimento: "Essa é uma história um pouco antiga. A MTV foi se divorciando do modelo "apenas videoclipe" ao longo da existência dela. Isso começou quando investimos em jornalismo. O ano de 95 foi um marco, com Astrid e Cazé fazendo programas que falavam do universo jovem", diz. E completa: "A MTV é uma emissora musical, mas ela se expressa também em programas que não têm tanta relação com clipes".
À frente dos programas "que não têm tanta relação com clipes" estão os VJs, figuras que muitas vezes entram como desconhecidos e tornam-se celebridades.
Foi assim com Zeca Carmargo (hoje no "Fantástico", da Globo), Babi ("Programa Livre", do SBT), Sabrina ("Superpositivo", da Band), Astrid ("Melhor da Tarde", da Band).
Este ano, o VMB será apresentado pelo VJ sensação Marcos Mion, do programa "Piores Clipes do Mundo", um dos líderes de audiência da MTV.
A contar pela receita publicitária do primeiro semestre deste ano, a fórmula "mais entretenimento, menos música" agrada. Com apenas 1 ponto de audiência média, segundo o Ibope, a emissora foi a que mais cresceu em venda de anúncios no período. "Estamos no azul", resume Góes. "É um reconhecimento do mercado", completa Mantovani.
O VMB, em sua sétima edição, também aponta tendências. Estão fora premiações para melhores clipes de axé e pagode. "Eles não fazem mais parte do gosto da audiência. Em 99, a moçada das classes A e B, que é o público para quem a MTV fala, estava curtindo", diz Góes. E o funk? "Esse não deu tempo nem de entrar antes de sumir", diz Mantovani.



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