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Poesia concreta ganha site e mostra histórica
Com vídeos, áudios e documentos, evento rememora o movimento dos anos 50
Exposição, que é inaugurada hoje, traz panorama em cinco salas do Tomie Ohtake e terá programação de debates
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
"Poesia concreta: produto de
uma evolução crítica de formas.
Dando por encerrado o ciclo
histórico do verso (unidade rítmico-formal), a poesia concreta começa por tomar conhecimento do espaço gráfico como
agente estrutural."
Assim começa o documento
redigido por Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo
de Campos (1929-2003) que viria oficializar, em 1958, o movimento conhecido como poesia
concreta -experiências poético-visuais que já vinham sendo
desenvolvidas desde o começo
da década.
Hoje, às vésperas dos 50 anos
da publicação deste "Plano-Piloto", o Instituto Tomie Ohtake
inaugura a mostra "Poesia
Concreta - O Projeto Verbivocovisual", que reúne uma série
de obras, documentos históricos, gravações e vídeos relativos à atuação dos dos três signatários do manifesto e também dos cariocas Ronaldo Azeredo (1937-2006) e José Lino
Grünewald (1931-1999).
A proposta é reunir a história
do movimento e realçar as influências que veio a exercer não
apenas na poesia, mas em outras áreas. "Tentamos levantar
aspectos da poesia concreta
que não estão muito colocados,
como a visualidade do poema
fora do espaço do livro e a difusão internacional", diz João
Bandeira, um dos curadores, ao
lado de Cid Campos, Walter Silveira e Lenora de Barros.
As relações da palavra com a
música e as artes visuais é uma
das facetas exploradas pela exposição -algo que "já vinha
desde o dadaísmo, mas que nos
anos 50 se tornou evidente",
diz Walter Silveira. Nesse capítulo, há uma curiosa e pouco
conhecida conversa, gravada
em Nova York, nos anos 70, entre Haroldo de Campos e o artista Hélio Oiticica (1937-1980). Nela, além de tratar de
diversos "ismos", Haroldo faz
uma revisão do movimento, de
cujas propostas, em sentido estrito, já se manifesta distante.
Ambientes
Na mostra, ao longo de cinco
ambientes, o público poderá passear por audiovisuais com traduções de autores eleitos pelo movimento, como James Joyce e Mallarmé,
documentários, depoimentos e
poemas -que podem ser vistos,
ouvidos e tocados. Os arquivos
sonoros foram na maior parte
cedidos por Cid Campos, filho
de Augusto, que é músico e dono de um estudio de gravação.
"Os poetas e vários artistas ligados ao movimento passaram
por lá", conta.
Além das projeções e áudios,
no saguão do instituto, alguns
poemas experimentais são exibidos em grande escala, em formato tridimensional. "É importante frisar que eles já foram concebidos assim, como
objetos. O que estamos fazendo
aqui é às vezes agigantar sua escala e ajustá-los à nova tecnologia. Não se trata uma "releitura",
no sentido ruim da palavra",
explica Bandeira.
Se a exposição termina no dia
16/9 (segue para Belo Horizonte em outubro), o projeto gera
ainda frutos de duração mais
longa. A partir de hoje entra no
ar um site de referência
(www.poesiaconcreta.com.br) para pesquisadores
e demais interessados, reunindo documentação, material em
áudio e textos para consulta. De
12 a 15/9, um ciclo de debates
com 16 participantes acontece
no próprio instituto.
POESIA CONCRETA - O PROJETO VERBIVOCOVISUAL
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter.
a dom., das 11h às 20h; até 16/9
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima, 201, tel. 0/xx/11/2245-1900)
Quanto: entrada franca
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