São Paulo, quarta-feira, 15 de agosto de 2007

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Crítica

"Dançando no Escuro" sonda o que ainda há a ver

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O que existe ainda para ver? Essa é a pergunta que se faz Björk em "Dançando no Escuro" (TC Cult, 17h30), talvez a obra-prima de Lars von Trier.
Porque é de um mundo onde já se viu tudo que a personagem fala, onde o novo se tornou cada vez mais raro, e o falso novo, cada vez mais freqüente. Será que a visão é mesmo tão urgente? Mas ela deseja que o filho veja. É a ele que quer transmitir a visão, como se fosse preciso não desesperar do mundo. Desse mundo de melodrama, que é o evocado aqui.
Björk faz uma heroína recém-chegada dos filmes de D.W. Griffith, de pureza incomparável. Mas o mundo de Griffith ainda comportava heroínas nesses moldes. A de "Dançando..." é um deslocamento, uma aberração.
Von Trier também fez com a cantora aquilo que, há uns 80 anos, Carl Theodor Dreyer, outro nórdico, fez com Falconetti em "A Paixão de Joana D'Arc": torturou-a, quase. Björk não quer mais ouvir falar de cinema. Mas sua interpretação é inesquecível.


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