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MÚSICA
CD da cantora reúne 14 temas do repertório do compositor baiano
Jussara Silveira faz desafio e relê a obra de Caymmi
Desafio dá esperanças à
Bahia
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
Em seu segundo álbum, a cantora Jussara Silveira, 39, dedica a íntegra do repertório à obra do mito
baiano Dorival Caymmi.
"Canções de Caymmi" é um
compêndio de 14 temas do autor
- mais duas passagens de domínio público ("Você Diz Que Amar
É Crime" e "Yayá Não Sabe")-,
produzido e arranjado pelo violonista Luiz Brasil. A intenção do
projeto, segundo a cantora, foi
evitar as canções mais óbvias.
"No princípio, eu queria fugir
do óbvio selecionando um Caymmi mais urbano. Depois, vi que era
impossível afastar Caymmi do
mar", diz. Por isso, estão presentes "O Vento", "Quem Vem pra
Beira do Mar", "Saudade de Itapoã", "Milagre".
Temas clássicos de Caymmi, não
necessariamente marítimos
-"Lá Vem a Baiana", "Nem
Eu", "Maracangalha"-, convivem com canções menos conhecidas, como "História pro Sinhozinho", "Adalgisa" e "Horas".
Intérprete madura que há dois
anos estreou em disco, Jussara interrompe a linha aberta de unir interpretação "eclética" (antes,
cantou Luiz Melodia, Batatinha,
Chico Buarque, Caetano Veloso) e
pesquisa de compositores pouco
conhecidos.
"A idéia de gravar Caymmi foi
de Ronaldo Bastos", explica, referindo-se ao compositor e dono do
selo Dubas, do qual é contratada.
"Eu relutei, achava uma responsabilidade muito grande. Fiquei apreensiva."
Da audição, partiu para o contato direto. Bastos a levou até o patriarca. "Senti mais emoção que
medo." Há outro mito que Jussara prefere relevar -o disco de intérprete "Gal Canta Caymmi",
que a cantora baiana lançou em
76, sob a bênção de Dorival.
"Eu adoro o disco da Gal, mas
preferi não ouvir -aliás, não ouvi
ninguém, só o próprio Caymmi."
Tal não significa que esteja totalmente despreocupada: "A Nana
sempre comenta que ninguém
canta Caymmi direito, fico preocupada". Sem contar, claro, a ansiedade para que Caymmi ouça o
resultado de suas releituras. Ao
que ela saiba, ainda não ouviu.
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