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Crítica/cinema/"Maria Bethânia - Pedrinha de Aruanda"
Filme cresce quando mergulha na família
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Em "Maria Bethânia -Pedrinha de Aruanda",
Andrucha Waddington
combina dois aspectos relevantes de sua trajetória: o papel de
constante documentarista dos
Doces Bárbaros -em sua fase
recente- e a sensibilidade toda
especial para captar o universo
feminino, tônica de seus filmes
de ficção.
Nos últimos anos, Waddington já filmou o reencontro de
Gil, Gal, Caetano e Bethânia em
"Outros (Doces) Bárbaros" e
acompanhou uma turnê de Gil
em "Viva São João!". Agora, dedica-se a Maria Bethânia neste
documentário realizado no ano
passado, quando a cantora comemorou 60 anos de vida e 40
de trajetória profissional.
Não é coincidência, no entanto, que o filme tenha chegado aos cinemas dois dias antes
do aniversário de cem anos de
Dona Canô, mãe de Bethânia e
de Caetano, celebrado amanhã.
No fundo, é Dona Canô a estrela de "Pedrinha de Aruanda".
De alguma forma, este filme
traduz, em cinema, as palavras
de Milton Nascimento na canção "A Feminina Voz do Cantor" ("Minha mãe que falou /
Minha voz vem da mulher / Minha voz veio de lá, de quem me
gerou").
Depois de registrar Bethânia
em seus rituais preparatórios
para o show e acompanhar uma
missa em sua homenagem, o
filme ganha corpo quando
abandona a face pública da cantora e mergulha na intimidade
de sua família. É quando vislumbramos um pouco da origem da voz de Bethânia e de
Caetano.
Uma viagem de carro até
Santo Amaro da Purificação,
com Caetano ao volante e Bethânia na carona, serve de transição entre esses dois momentos do filme -o primeiro de caráter mais "oficial", o segundo,
totalmente intimista.
Sarau no quintal
Com a sensibilidade que lhe é
habitual, Waddington filma um
jantar e um pequeno sarau no
quintal da casa de Dona Canô,
em que Bethânia e Caetano dividem com sua mãe, parentes e
amigos algumas canções do
passado.
Entre uma e outra revelação
(não gostavam da voz de Bethânia no colégio, porque a consideravam grossa demais) e a leitura de alguns textos de Fernando Pessoa e Mario Quintana por Bethânia, é nesse pequeno registro musical que o filme
se justifica por inteiro.
MARIA BETHÂNIA - PEDRINHA DE ARUANDA
Direção: Andrucha Waddington
Produção: Brasil, 2007
Com: Maria Bethânia, Caetano Veloso
Onde: em cartaz nos cines Reserva Cultural, Unibanco Arteplex e circuito
Avaliação: bom
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