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Crítica/cinema/"Fido - O Mascote"
Comédia com zumbis faz boa sátira à sociedade de consumo
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Zumbis são criaturas bastante desagradáveis.
Com sua aparência de
cadáveres podres e mania de
atacar e devorar humanos, não
há nada que os torne simpáticos. O cinema adotou essas
criaturas imaginárias em representações de medos arcaicos e em símbolos de metáforas
políticas. Dos mortos-vivos de
George Romero, desde o fundamental "A Noite dos Mortos-Vivos", até o excelente "Candidato Maldito", de Joe Dante, os
zumbis têm ocupado o papel
dos excluídos que retornam para se vingar.
"Fido - O Mascote" retoma
essa mesma veia metafórica,
mas abandona o viés do horror
em proveito de uma sátira muito bem-humorada à sociedade
de consumo. O filme canadense
descreve um estado pós-apocalíptico em que uma empresa,
ZomCom, desenvolveu métodos para neutralizar as bestas.
Agora, basta uma coleira que
emite um sinal para que os
mortos-vivos se tornem dóceis
e obedientes. Com isso, em vez
de matar, eles foram transformados numa nova espécie de
escravos, capazes de desempenhar tarefas braçais e domésticas como empregados.
Fido é um desses zumbis, que
se torna companheiro de
Timmy, um garoto tímido e recluso. Por trás do tratamento
cômico, o que os mortos-vivos
trazem mais uma vez é uma parábola social. O bem-estar e a
cidade organizada e feliz vivem
sob um estado de controle, com
inúmeros sinais semelhantes
aos das experiências totalitárias nazistas e stalinistas.
Em vez de revolta e destruição, a domesticação dos zumbis
retrata de modo alegórico a
conversão dos indivíduos em
nada mais que trabalhadores
obedientes. Com essa inversão,
o filme demonstra como já deixamos de temer para agora só
rir da própria tragédia.
FIDO - O MASCOTE
Direção: Andrew Currie
Produção: Canadá, 2006
Com: Carrie-Anne Moss, Billy Connolly
Onde: no Unibanco Arteplex
Avaliação: bom
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