Mostra apresenta obras do pai de Hélio Oiticica

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Mais do que pai de Hélio Oiticica, José Oiticica Filho (1906-64) tem seu lugar na história da arte contemporânea por ter sido um pioneiro, no Brasil, da retirada da fotografia das amarras do realismo.
Após 24 anos, José Oiticica volta a ser alvo de uma retrospectiva, realizada exatamente no centro cultural que leva o nome de seu filho, no Rio.
"José Oiticica Filho: Fotografia e Invenção", que será inaugurada hoje, reúne 158 fotos, 20 pinturas e mais 20 vitrines iluminadas que ajudam a entender o trabalho do artista -e também entomologista, matemático e engenheiro. Nelas estão os negativos com os que ele experimentava até chegar ao resultado desejado. Ao contrário de Cartier-Bresson, que pregava o instante, Oiticica considerava as horas de laboratório fundamentais para construir uma imagem classificável como arte.
"Ele fez um caminho sem volta, aproximando-se cada vez mais da pintura. Para ele, não havia diferença entre a fotografia e a pintura. Ele contribuiu para quebrar essa barreira", diz o neto César Oiticica Filho, curador da exposição. A retrospectiva acompanha esse percurso, mostrando paisagens e retratos da época em que José Oiticica chegou a ser eleito um dos dez melhores fotógrafos do mundo, como "O Kioske" (1945) e "Triângulos Semelhantes" (1949), além de séries não-realistas como "Forma" e "Ouropretense".