São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

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POLÍTICA CULTURAL

Cresce discussão do projeto do MinC para agência do audiovisual

"Pobres" do cinema polarizam debate

DA REPORTAGEM LOCAL

"Os 18 do PIB contra o cinema dos pobres." O debate sobre o projeto do Ministério da Cultura para criar a Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav) se polarizou e ganhou título parecido com filme de Glauber Rocha ("O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", 69).
O nome da "luta" surgiu nas listas de discussão de produtores e cineastas na internet, em que os "pobres" do cinema identificam os 18 do PIB [Produto Interno Bruto] como "o grupo ligado à TV Globo, encabeçado por Luiz Carlos Barreto".
Barreto coordenou uma revisão do projeto do MinC, feita por um grupo de profissionais de cinema e TV, entre os quais o diretor da Globo Filmes, Carlos Eduardo Rodrigues. O texto de Barreto, chamado internamente no grupo de "emendão", foi enviado ao MinC na consulta pública do projeto da Ancinav, pela internet.
O ministério pretende divulgar todas as sugestões recebidas (cerca de 400) na próxima segunda. Mas já se sabe que a versão entregue por Barreto subtrai da Ancinav a atribuição de regular e fiscalizar setores do audiovisual além do cinema, como a TV.
A divulgação da proposta de Barreto (pelo site "PayTV", o mesmo que vazou em agosto o projeto da Ancinav) suscitou mobilização de produtores e cineastas (ou dos "pobres" do cinema) em defesa do projeto do MinC.
Anteontem, entidades como a Associação Paulista de Cineastas e diretores como Walter Lima Jr., Eduardo Escorel e Alain Fresnot divulgaram uma "declaração pública" em que afirmam: "As normas que compõem o anteprojeto devem tratar de maneira isonômica os diversos segmentos do audiovisual, inclusive as prestadoras de serviços de radiodifusão de sons e imagens [TVs]".
O cineasta Geraldo Moraes, que preside o Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), encabeça as assinaturas da declaração. O CBC não assina o documento. Entre as 54 entidades abrigadas no congresso, há opositores ferrenhos do projeto do MinC, como as associações de exibidores, afetadas pela previsão de taxar a venda de ingressos de cinema (10%).
Moraes disse à Folha que a declaração não é uma reação à proposta de Barreto. "É muito mais uma resposta ao fato de que a opinião pública está recebendo uma cobertura parcial [pela imprensa]. Toda divulgação é das posições contrárias ao projeto".
(SILVANA ARANTES)


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