|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICA CULTURAL
Cresce discussão do projeto do MinC para agência do audiovisual
"Pobres" do cinema polarizam debate
DA REPORTAGEM LOCAL
"Os 18 do PIB contra o cinema
dos pobres." O debate sobre o
projeto do Ministério da Cultura
para criar a Agência Nacional do
Cinema e do Audiovisual (Ancinav) se polarizou e ganhou título
parecido com filme de Glauber
Rocha ("O Dragão da Maldade
contra o Santo Guerreiro", 69).
O nome da "luta" surgiu nas listas de discussão de produtores e
cineastas na internet, em que os
"pobres" do cinema identificam
os 18 do PIB [Produto Interno
Bruto] como "o grupo ligado à
TV Globo, encabeçado por Luiz
Carlos Barreto".
Barreto coordenou uma revisão
do projeto do MinC, feita por um
grupo de profissionais de cinema
e TV, entre os quais o diretor da
Globo Filmes, Carlos Eduardo
Rodrigues. O texto de Barreto,
chamado internamente no grupo
de "emendão", foi enviado ao
MinC na consulta pública do projeto da Ancinav, pela internet.
O ministério pretende divulgar
todas as sugestões recebidas (cerca de 400) na próxima segunda.
Mas já se sabe que a versão entregue por Barreto subtrai da Ancinav a atribuição de regular e fiscalizar setores do audiovisual além
do cinema, como a TV.
A divulgação da proposta de
Barreto (pelo site "PayTV", o
mesmo que vazou em agosto o
projeto da Ancinav) suscitou mobilização de produtores e cineastas (ou dos "pobres" do cinema)
em defesa do projeto do MinC.
Anteontem, entidades como a
Associação Paulista de Cineastas
e diretores como Walter Lima Jr.,
Eduardo Escorel e Alain Fresnot
divulgaram uma "declaração pública" em que afirmam: "As normas que compõem o anteprojeto
devem tratar de maneira isonômica os diversos segmentos do
audiovisual, inclusive as prestadoras de serviços de radiodifusão
de sons e imagens [TVs]".
O cineasta Geraldo Moraes, que
preside o Congresso Brasileiro de
Cinema (CBC), encabeça as assinaturas da declaração. O CBC não
assina o documento. Entre as 54
entidades abrigadas no congresso, há opositores ferrenhos do
projeto do MinC, como as associações de exibidores, afetadas pela previsão de taxar a venda de ingressos de cinema (10%).
Moraes disse à Folha que a declaração não é uma reação à proposta de Barreto. "É muito mais
uma resposta ao fato de que a opinião pública está recebendo uma
cobertura parcial [pela imprensa]. Toda divulgação é das posições contrárias ao projeto".
(SILVANA ARANTES)
Texto Anterior: "Entre Casais": O alemão Andreas Dresen traça cinzenta crônica do matrimônio Próximo Texto: Cinema: 28ª Mostra tem mais espaços gratuitos Índice
|