São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA

O diretor Manoel de Oliveira confirma vinda ao país para ser homenageado em livro e participar de "Bem-Vindo a SP"

28ª Mostra tem mais espaços gratuitos

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REDAÇÃO

Nem a 28ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começou e já traz um adendo: a presença do português Manoel de Oliveira, que deve chegar provavelmente na última semana do evento (de 22 de outubro a 4 de novembro).
O cineasta não vem apenas como convidado. Ele também será tema de um livro, a ser lançado na edição do ano que vem do festival, e terá um episódio no filme coletivo "Bem-Vindo a São Paulo", homenagem de diversos diretores ao iraniano Abbas Kiarostami.
O curta de Oliveira deve se ambientar num parque da cidade, onde dois amigos se encontram durante um cooper. O cotidiano do mundo moderno vai impedir a comunicação entre eles.
O diretor português não estava previsto nas filmagens iniciais. "Não o convidei porque sabia que ele estava filmando seu "O Quinto Império - Ontem como Hoje" [que também será apresentado na 28ª Mostra]. Mas, ao saber do projeto, ele fez questão de participar", conta Leon Cakoff, organizador e curador do evento. "O que exibiremos é um "work in progress" [trabalho em andamento], então talvez dê tempo de entrar o episódio do Manoel já nessa primeira apresentação que faremos durante a Mostra." O filme, feito por nomes como o brasileiro Caetano Veloso, o australiano Phillip Noyce, a portuguesa Maria de Medeiros, o japonês Kiju Yoshida, o malaio Tsai Ming-liang, entra em circuito no ano que vem.
Outra novidade está no circuito gratuito, que cresce com a inclusão da sala da galeria Olido e de sessões ao ar livre no vão do Masp. A programação ainda não está definida e só deve sair no sábado, quando começam a ser vendidos os ingressos no quiosque oficial do evento, no Conjunto Nacional, na avenida Paulista.
De graça também vão ser as sessões no CEU Vila Curuçá, na zona leste da cidade, com uma programação de filmes nacionais e cópias dubladas. É uma das poucas participações da Prefeitura de São Paulo neste ano, como assinalou o secretário municipal de Cultura, Celso Frateschi, anteontem em entrevista coletiva: "A prefeitura colabora como e quando pode. Neste ano pôde um pouco menos". Mas não desmereceu a maratona cinematográfica: "Só a loucura de alguns faz com que esta cidade se movimente, cresça".
Ao custo de R$ 4,3 milhões, esta 28ª edição reúne 329 produções -entre 268 longas e 61 curtas. É quase o mesmo número da gigantesca edição do ano passado, que teve 265 longas e 81 curtas.
As retrospectivas homenageiam o canadense Guy Maddin, o iraniano Abbas Kiarostami e o israelense Amos Gitai. Os dois últimos, além de lançarem livros e abrirem exposições, também darão aulas magnas na Faap.
O festival também conta uma presença mais marcante dos documentários. "Não tinha reparado nesse aspecto ainda", diz Leon Cakoff, "mas o mundo precisa de documentários. Faz parte do despojamento que caracteriza esta edição da Mostra".
A cantora Jane Birkin, além de estrelar o longa "Obrigada, Dra. Rey", de Andrew Litvack, faz show no encerramento, no dia 4 de novembro, no Sesc Pinheiros.
Tendo lançado recentemente um disco de duetos com nomes como Manu Chao, Caetano Veloso e Brian Ferry, ainda não definiu como será sua apresentação.
Mas a música não estará presente apenas no final do evento. O DJ Joakim fará uma trilha eletrônica para acompanhar as exibições de "A Queda da Casa de Usher" (1928), de Jean Epstein.


Texto Anterior: Política cultural: "Pobres" do cinema polarizam debate
Próximo Texto: Erika Palomino
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.