São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2008

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Música

Keane traz guitarras em CD criado sem pressão

"Perfect Symmetry", terceiro CD do grupo, vem com letras e arranjos "para cima"

Vocalista Tom Chaplin diz que a banda curtiu cada etapa da produção do disco, criado "sem exigência de mercado ou de gravadora"


Alex Lake/Divulgação
O trio Keane, formado por Tim Rice-Oxley, Richard Hughes e Tom Chaplin, que lança seu terceiro álbum, "Perfect Symmetry"

JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Num quarto do descolado hotel londrino Sanderson, o cantor Tom Chaplin se diverte com o que cada jornalista que entra para entrevistá-lo diz sobre o terceiro disco do Keane.
"Já ouvi de tudo. Mas o que as pessoas mais disseram até agora é que ficaram surpresas com o resultado. A gente adora escutar isso", vibra.
Lançado mundialmente nesta semana, "Perfect Symmetry" é o sucessor de "Hopes and Fears" (2004) e "Under The Iron Sea" (2006), que juntos venderam mais de oito milhões de cópias ao redor do planeta.
O vocalista afirma que "Perfect Symmetry" não foi norteado por qualquer exigência de mercado ou pressão de gravadora. "Quando você começa a pensar nessas coisas, acaba colocando um peso desnecessário nas costas. E esse disco novo tem a ver com libertar-se das demandas. Tivemos bastante tempo para escrever as músicas, demoramos um tempão para gravá-las, usamos e fizemos tudo o que quisemos. Por isso ele saiu tão exuberante."
O trabalho foi registrado majoritariamente num estúdio em Berlim. Em vez de permanecer na cidade, os três integrantes da banda faziam o percurso entre Inglaterra e Alemanha quase diariamente, em um trem noturno. "Queríamos que fosse como uma gangue indo para uma aventura. Foi diferente de gravar os outros discos. A gente pôde se ver fora do estúdio, curtindo as etapas e não se levando tão a sério", diz Chaplin.
Quem assina a produção é o próprio trio. No meio do processo de gravação, os experientes Jon Brion (Fiona Apple, Rufus Wainwright) e Stuart Price (Madonna, The Killers) foram chamados para ouvir o material e dar pitacos. "Um conselho importantíssimo veio do Jon.
Ele falou que tínhamos de curtir o momento. E pediu para que não respeitássemos qualquer limite", conta o vocalista.
Chaplin, o baterista Richard Hughes e o pianista e principal compositor Tim Rice-Oxley se conhecem desde a infância.
Durante o período de gestação do segundo disco, quase todo composto na estrada, os três passaram por uma grave crise de relacionamento. Rice-Oxley chegou a pensar que a banda estava nos seus últimos dias. E isso ficou impresso no clima daquele trabalho.
"Foram tempos difíceis para a banda", confirma Chaplin. "O "Under The Iron Sea" saiu claustrofóbico, sombrio. Já o "Perfect Symmetry" é bem mais para cima. Até abordamos temas complicados, mas tentamos ver os seres humanos de um jeito mais positivo. O disco é mais esperanças do que medos", brinca, fazendo um trocadilho com o nome do primeiro CD, "Hopes and Fears".
A diferença pode ser sentida tanto nas letras como nos arranjos. A banda utiliza percussão, vocais de apoio e guitarras no novo álbum. Isso mesmo, guitarras, em um grupo que até aqui desenvolvia seu som pop com força no teclado. Na turnê também terão um baixista no palco (Jesse Quin, que participa do álbum).
"Muita gente vê o Keane como uma banda de piano. Mas, antes do primeiro disco, éramos uma banda de guitarra. Daí nosso guitarrista saiu e passamos a usar mais elementos eletrônicos. No segundo disco, já começamos a dar uma mudada no som, usando mais sintetizadores e violões", explica o cantor. "O importante é encarar desafios. Não queremos ser uma daquelas bandas que ficam paradas, que repetem a fórmula do disco anterior porque vendeu bem. Seria o fim."


O jornalista JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR viajou a convite da gravadora


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