São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2008

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CD's

Erudito
Haydn-Hummel: Trumpet Concertos
ALISON BALSOM
Gravadora:
EMI; Quanto: R$ 32,10;
Avaliação: ótimo
Não, o trompete não é mais monopólio masculino: aos 30 anos de idade, a britânica Alison Balsom, que já tocou no Brasil, abre as portas do "clube do Bolinha" que é o mundo deste instrumento. Acompanhada pela Deutsche Kammerphilharmonie Bremen, ela executa o brilhante concerto clássico de Joseph Haydn (1732-1809), o pré-chopiniano concerto de Johann Nepomuk Hummel (1778-1837) e duas obras menos conhecidas: o concerto barroco do italiano Giuseppe Torelli (1658-1709) e o classicismo do tcheco Jan Neruda (1711-1776). Além de agilidade nas passagens rápidas, Alice Balsom também sabe conferir lirismo aos trechos mais cantáveis, como o pungente movimento lento do concerto de Hummel.
POR QUE OUVIR: Senso de estilo, clareza na articulação, limpeza e alta virtuosidade fazem de Balsom uma musicista completa.
(IRINEU FRANCO PERPETUO)

Rock
Acima da Chuva
VOLVER
Gravadora:
Senhor F; Quanto: R$ 15, em média;
Avaliação: bom
Surgido em Recife em 2003, o trio Volver inicialmente demonstrou um fascínio e devoção pela jovem guarda, em ritmo mais acelerado, mas um tanto limitador. Seguiam aquele estilo regressivo/redundante de ser, com músicas muito parecidas umas com as outras. "Acima da Chuva", o novo disco, avança em outra direção e encontra problemas semelhantes -no entanto, melhora nas soluções.
A obsessão pela jovem guarda já está controlada, e em algumas faixas, como "Não Sei Dançar" e "Pra Deus Implorar", o velho "novo rock" do começo dos anos 2000 é a referência, nas guitarras e nos vocais entre o contido e o explosivo. São nas pequenas variações, como no dedilhado de guitarra cheio de ecos de "Dispenso", ou na balada "Coração Atonal", que o grupo expande seu raio de atuação sem perder a identidade.
POR QUE OUVIR: O Volver leva adiante a tradição do "power trio", com um som eficiente, nada burocrático, que valoriza cada mínimo elemento musical. (BRUNO YUTAKA SAITO)

Eletrônica
Brotherhood
CHEMICAL BROTHERS
Gravadora:
EMI; Quanto: R$ 30, em média;
Avaliação: bom
Os Chemical Brothers são dos nomes essenciais para entender a dance music dos anos 90 para cá. Uma coletânea da dupla é uma ótima porta de entrada no mundo de Tom Rowlands e Ed Simons -ou, ao menos, uma oportunidade para relembrar, num único CD, algumas de suas clássicas faixas. Mas esta "Brotherhood" perde um pouco sua razão de ser quando vemos que das 15 músicas que estão aqui, nove podem ser encontradas em outra compilação dos Chemical Brothers, "Singles 93-03". De diferente, aparecem "Galvanize", "Do It Again", "Believe", "Saturate" e as inéditas "Keep My Composure" e "Midnight Madness". Dessas duas, a primeira parece sobra de disco; a segunda, de beats espertos, é um convite à pista.
POR QUE OUVIR: Porque talvez nunca seja demais ouvir "the brothers gonna work it out", na introdução de "Leave Home"; a euforia transmitida por "Star Guitar"; a psicodelia quebrada de "Setting Sun". (TN)

Jazz
The Complete Ibeji Sessions
IVO PERELMAN
Gravadora:
Editio Princeps; Quanto: R$ 30, em média;
Avaliação: bom
Mais conhecido nos Estados Unidos que no Brasil, o saxofonista paulista Ivo Perelman consolidou em 20 anos uma carreira que já conta com 32 discos lançados. Neste novo álbum, "The Complete Ibeji Sessions", que reúne dois de seus discos -"Soccer Land" e "Tapeba Songs"-, o saxofonista põe seu free jazz para dialogar com a música brasileira. Acompanhado pelo percussionista Zé Eduardo Nazario em quase todas as faixas, Perelman alterna seu sopro dissonante em livres explorações de temas próprios e populares, alcançando alguns momentos de grande inspiração.
POR QUE OUVIR: Mesmo que este CD duplo não traga os trabalhos mais agressivos e ousados de Perelman, faixas como "Encontro nº 1" e "Lampião de Gás" dão uma boa mostra de sua transgressora sonoridade. Para quem não compreende bem o alcance do free jazz, mas se interessa por música instrumental, esse disco pode ser uma boa iniciação. (FABRICIO VIEIRA)


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