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MÚSICA FOO FIGHTERS
"Iremos tocar no Brasil; está nos planos"
do enviado a Miami
Leia a seguir a continuação da
entrevista com Dave Grohl e Taylor Hawkins, do Foo Fighters, que
tem seu terceiro álbum lançado
hoje no Brasil.
(LÚCIO RIBEIRO)
Folha - Dave, como você compara "There Is Nothing Left to
Lose" com os outros dois álbuns
do Foo Fighters?
Dave Grohl - O novo disco é,
posso garantir, o melhor álbum
da banda. As músicas são mais interessantes, os arranjos são bem
mais complexos. Em uma palavra, é o nosso disco mais maduro,
embora esse seja um termo bobo
que às vezes não significa nada.
O primeiro disco ("Foo Fighters", 1995), na verdade, era uma
grande "demotape". Cheio de
energia e tudo, mas não era para
ter virado um disco. Foi feito em
cinco dias e soa mesmo como um
disco "feito em cinco dias".
O segundo ("The Colour and
the Shape", 1997) pode ser considerado nosso álbum de estréia.
Entramos em um estúdio, com
tudo preparado antes, e o disco
saiu em dois meses.
Já "There Is Nothing Left to Lose" gravamos na minha casa e foi
feito exatamente do jeito que a
gente queria. Não nos interessava
saber que horas eram, que dia era.
E não sabíamos.
Folha - Quais as faixas que vocês mais gostaram no álbum?
Dave
-"Stacked Actors" e "Aurora".
Taylor Hawkins - São minhas favoritas, também.
Gosto bastante, ainda, da
energia de
"Breakout" e
de "M.I.A.",
que é a última
do disco e também foi a última
que gravamos. Quase virou um
lado B de single. Resolvemos colocá-la no álbum de última hora.
Folha - Como foi dar uma de
ator no videoclipe de "Learn to
Fly", que é muito mais do que
apenas uma banda tocando? E
como ele foi concebido?
Dave - Foi divertido, mas estafante também. Fizemos o vídeo
em três dias, filmando das 7h da
manhã à 1h da madrugada. Queríamos, como sempre fazemos,
mixar uma história à música. O
legal é que interpretamos, nós
três, todos os personagens, do piloto à mulher gorda. Você não
imagina a confusão na hora de filmar. As pessoas vêem o clipe e
chegam a mim dizendo: "Você
tem talento. Devia pensar em cinema". Nem a pau.
Folha - Mas você tem vocação,
não? Já apareceu até em um
episódio de "Arquivo X", em
1996? Como aconteceu?
Dave - Mas foi uma ponta insignificante, num episódio chamado
"The Pusher". Durou dois segundos. Eu estava em Los Angeles,
soube da gravação do seriado e fui
ver. Aí me perguntaram se eu
queria fazer parte de uma cena.
Quando disseram "ação", eu andei de um lugar para outro, cruzando o caminho de Mulder e
Scully. Foi o que eu fiz. E só.
Telefonei para minha mãe para
avisar que ia aparecer na TV. Ela
assistiu e falou: "Não vi você".
Folha - Você tem uma pequena gravadora, a Roswell,
"atuou" em "Arquivo X", o nome
Foo Fighters significa OVNI, e na
música "Learn to Fly" você canta que espera uma ajuda vindo
do céu. É fixação por "assuntos
extraterrestres", não é?
Dave - Eu era mais paranóico
sobre esse assunto no passado do
que hoje. Lia tudo sobre Roswell,
relatos de "visões de discos voadores", conspirações governamentais, via todos os especiais de
TV. Ainda acredito que este planetinha azul de merda não está
sozinho no universo.
Folha - Voltando ao novo álbum, como você situaria "There
Is Nothing Left to Lose" dentro
do atual cenário do rock?
Dave - Eu não sei. Não estou
preocupado com isso.
O disco não soa como heavy
metal. Não parece com Guns N"
Roses. Não parece com Korn. Não
é música eletrônica. É uma mistura de tudo o que a gente ouve, de
Sepultura a hip hop.
Folha - Quais são as bandas
que você escuta hoje em dia?
Dave - Supergrass, sou fã de Supergrass. Sloan (banda canadense), da Sub Pop. Verbena (nova
banda, do Alabama, cujo disco de
estréia foi produzido pelo próprio
Grohl), que é uma espécie de Stones, só que bem
mais sujo.
Folha - Dizem
que você é um
grande fã de
Sepultura? É
verdade?
Dave - Claro.
Não paro de ouvir Sepultura,
sem brincadeira. Recentemente ouvi o
"Chaos AD".
Foi nesta semana mesmo. Seria o
melhor disco de metal pesado que
conheço se não existisse o Motorhead.
Em 1993, eu e Kurt chegamos a
pensar em convidar o Sepultura
para abrir os shows do Nirvana
naquela conturbada turnê européia, mas acabou não acontecendo o convite.
Folha - Vocês ainda não começaram a turnê do novo disco,
mas há um mês a banda tem tocado em programas de rádio, lojas de disco e shows secretos.
Como tem sido a reação do público às novas músicas?
Taylor - Os shows, neste começo, têm sido diferentes uns dos
outros, mas as pessoas têm gostado bastante. A garotada ficou ensandecida de cara com "Stacked
Actors" e "Breakout". Eles nem
conhecem a música direito...
Folha - O Foo Fighters começa
a turnê mundial agora em novembro, pela Europa. Vocês
consideram uma ida ao Brasil,
para shows? (Dave Grohl já tocou no Brasil, em 1993, mas com
sua ex-banda, o Nirvana. Leia ao
lado).
Dave - Com certeza vamos ao
Brasil. O Foo Fighters nunca foi,
não deu certo uma vez. Mas iremos. Está nos planos.
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