São Paulo, Segunda-feira, 15 de Novembro de 1999
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MÚSICA FOO FIGHTERS

"Iremos tocar no Brasil; está nos planos"

do enviado a Miami

Leia a seguir a continuação da entrevista com Dave Grohl e Taylor Hawkins, do Foo Fighters, que tem seu terceiro álbum lançado hoje no Brasil. (LÚCIO RIBEIRO)

 

Folha - Dave, como você compara "There Is Nothing Left to Lose" com os outros dois álbuns do Foo Fighters?
Dave Grohl -
O novo disco é, posso garantir, o melhor álbum da banda. As músicas são mais interessantes, os arranjos são bem mais complexos. Em uma palavra, é o nosso disco mais maduro, embora esse seja um termo bobo que às vezes não significa nada.
O primeiro disco ("Foo Fighters", 1995), na verdade, era uma grande "demotape". Cheio de energia e tudo, mas não era para ter virado um disco. Foi feito em cinco dias e soa mesmo como um disco "feito em cinco dias".
O segundo ("The Colour and the Shape", 1997) pode ser considerado nosso álbum de estréia. Entramos em um estúdio, com tudo preparado antes, e o disco saiu em dois meses.
Já "There Is Nothing Left to Lose" gravamos na minha casa e foi feito exatamente do jeito que a gente queria. Não nos interessava saber que horas eram, que dia era. E não sabíamos.

Folha - Quais as faixas que vocês mais gostaram no álbum?

Dave -"Stacked Actors" e "Aurora".

Taylor Hawkins - São minhas favoritas, também. Gosto bastante, ainda, da energia de "Breakout" e de "M.I.A.", que é a última do disco e também foi a última que gravamos. Quase virou um lado B de single. Resolvemos colocá-la no álbum de última hora.

Folha - Como foi dar uma de ator no videoclipe de "Learn to Fly", que é muito mais do que apenas uma banda tocando? E como ele foi concebido?
Dave -
Foi divertido, mas estafante também. Fizemos o vídeo em três dias, filmando das 7h da manhã à 1h da madrugada. Queríamos, como sempre fazemos, mixar uma história à música. O legal é que interpretamos, nós três, todos os personagens, do piloto à mulher gorda. Você não imagina a confusão na hora de filmar. As pessoas vêem o clipe e chegam a mim dizendo: "Você tem talento. Devia pensar em cinema". Nem a pau.

Folha - Mas você tem vocação, não? Já apareceu até em um episódio de "Arquivo X", em 1996? Como aconteceu?
Dave -
Mas foi uma ponta insignificante, num episódio chamado "The Pusher". Durou dois segundos. Eu estava em Los Angeles, soube da gravação do seriado e fui ver. Aí me perguntaram se eu queria fazer parte de uma cena. Quando disseram "ação", eu andei de um lugar para outro, cruzando o caminho de Mulder e Scully. Foi o que eu fiz. E só.
Telefonei para minha mãe para avisar que ia aparecer na TV. Ela assistiu e falou: "Não vi você".

Folha - Você tem uma pequena gravadora, a Roswell, "atuou" em "Arquivo X", o nome Foo Fighters significa OVNI, e na música "Learn to Fly" você canta que espera uma ajuda vindo do céu. É fixação por "assuntos extraterrestres", não é?
Dave -
Eu era mais paranóico sobre esse assunto no passado do que hoje. Lia tudo sobre Roswell, relatos de "visões de discos voadores", conspirações governamentais, via todos os especiais de TV. Ainda acredito que este planetinha azul de merda não está sozinho no universo.

Folha - Voltando ao novo álbum, como você situaria "There Is Nothing Left to Lose" dentro do atual cenário do rock?
Dave -
Eu não sei. Não estou preocupado com isso.
O disco não soa como heavy metal. Não parece com Guns N" Roses. Não parece com Korn. Não é música eletrônica. É uma mistura de tudo o que a gente ouve, de Sepultura a hip hop.

Folha - Quais são as bandas que você escuta hoje em dia?
Dave -
Supergrass, sou fã de Supergrass. Sloan (banda canadense), da Sub Pop. Verbena (nova banda, do Alabama, cujo disco de estréia foi produzido pelo próprio Grohl), que é uma espécie de Stones, só que bem mais sujo.

Folha - Dizem que você é um grande fã de Sepultura? É verdade?
Dave -
Claro. Não paro de ouvir Sepultura, sem brincadeira. Recentemente ouvi o "Chaos AD". Foi nesta semana mesmo. Seria o melhor disco de metal pesado que conheço se não existisse o Motorhead.
Em 1993, eu e Kurt chegamos a pensar em convidar o Sepultura para abrir os shows do Nirvana naquela conturbada turnê européia, mas acabou não acontecendo o convite.

Folha - Vocês ainda não começaram a turnê do novo disco, mas há um mês a banda tem tocado em programas de rádio, lojas de disco e shows secretos. Como tem sido a reação do público às novas músicas?
Taylor -
Os shows, neste começo, têm sido diferentes uns dos outros, mas as pessoas têm gostado bastante. A garotada ficou ensandecida de cara com "Stacked Actors" e "Breakout". Eles nem conhecem a música direito...

Folha - O Foo Fighters começa a turnê mundial agora em novembro, pela Europa. Vocês consideram uma ida ao Brasil, para shows? (Dave Grohl já tocou no Brasil, em 1993, mas com sua ex-banda, o Nirvana. Leia ao lado).
Dave -
Com certeza vamos ao Brasil. O Foo Fighters nunca foi, não deu certo uma vez. Mas iremos. Está nos planos.


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