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Arlindo Cruz, 500 músicas gravadas, lança CD próprio
Destaque em disco de Maria Rita, compositor quer ser reconhecido como intérprete
"Sambista Perfeito" tem participações da cantora, de Zeca Pagodinho e de D2, responsáveis por tornar Cruz mais conhecido
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Arlindo Cruz ultrapassou
neste ano a marca das 500 músicas gravadas. Poucos compositores brasileiros estão nesse
time. Mas ele quer também ser
reconhecido como cantor -ou
intérprete: "Cantor é muito
grande para mim". Sua arma
para realizar o desejo se chama
"Sambista Perfeito".
O CD chega pouco depois de
Maria Rita lançar um disco
com seis músicas de Cruz. Entre elas, "Tá Perdoado", que
vem tocando nas rádios, e "O
que É o Amor", a única das seis
que o carioca gravou em seu
disco -em duo com Maria Rita.
"Quando o Zeca [Pagodinho]
me chamou para cantar no primeiro "Acústico" dele [de 2003],
deu visibilidade maior ao Arlindo Cruz, porque pouca gente
olha aquelas letrinhas com os
nomes dos compositores [nos
encartes]. A visibilidade aumentou por causa da amizade
com o Marcelo D2 e, agora, com
o CD da Maria Rita, que vende
bem e é rotulada como MPB",
diz Cruz, 49, que às vezes fala
de si na terceira pessoa.
Zeca e D2 participam do CD,
assim como as velhas-guardas
da Portela e do Império Serrano, Xande de Pilares, do Revelação, e Sereno, do Fundo de
Quintal. Produzido por Leandro Sapucahy, o disco tem um
cuidado que faltava a "Pagode
do Arlindo", CD/DVD ao vivo, o
último trabalho do artista.
"Fui a três gravadoras, e queriam um DVD com sucessos. E
eu compondo coisas novas,
com a voz boa... Daí gravei sete
músicas e mostrei a idéia", conta Cruz, que acertou com a
Deckdisc o disco de 14 inéditas,
no qual estréia seu filho Arlindinho Neto, 15, no banjo. "Falei: "Guarda este CD, em que você toca o instrumento que seu
pai ajudou a popularizar"."
Cruz aprendeu a tocar cavaquinho com o pai, policial civil e
sambista portelense, e mudou
para o banjo na virada dos anos
70 para os 80, quando freqüentava pagodes no Rio com Zeca.
Integrou o Fundo de Quintal,
fez dupla com Sombrinha e se
destacou como co-autor de
"SPC", "Casal Sem-Vergonha",
"O Show Tem que Continuar" e
outros grandes sambas. Fez
ainda músicas melosas para
Belo, Soweto e Exaltasamba.
"Antes, não gostava de fazer
românticas. Minha mãe reclamava: "Você não fala de amor".
Quando casei, essa veia despertou", diz ele, que nega ter um
"escritório" para compor para
escolas de samba, como se diz
no meio -ganhou a disputa na
Grande Rio para 2008.
SAMBISTA PERFEITO
Artista: Arlindo Cruz
Gravadora: Deckdisc
Quanto: R$ 20, em média
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