São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2007

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Crítica/música

LCD Soundsystem faz o melhor show do ano

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Na parte de trás do palco, refletores pulsam na frenética intensidade do rock e do punk. Sintetizadores e teclados são encarregados de fornecer um clima pop retrô. E um globo prateado que pende do teto avisa que aquilo é disco music, com groove, para dançar. O grupo americano LCD Soundsystem une todas essas referências de forma coesa, sólida e, bem, irresistível.
Pena que pouca gente viu. Anteontem, o Via Funchal, em São Paulo, não recebeu mais que um quarto de sua capacidade de público (6.000 pessoas).
A noite foi aberta pelo produtor sueco Axell Willner, do projeto The Field. Ele subiu ao palco às 22h, e naquele momento o Via Funchal parecia um enorme deserto por onde passeavam meia dúzia de nômades. Sua música eletrônica é sutil, melódica, decorada por detalhes que ficaram perdidos em meio a tanto espaço e tão pouca atenção. Merece voltar e tocar em local mais apropriado.
O LCD Soundsystem subiu, às 23h15, com o público já em número mais decente. O cérebro do grupo é James Murphy, um senhor de 37 anos, antítese do rockstar: pançudo, visual de nerd e voz apenas mediana. Mas como sabe das coisas...
É Murphy o arquiteto da banda e, a cada música ao vivo, parece reinventar muito do que aconteceu nas últimas décadas no pop. "Get Innocuous" e "Time to Get Away" balançam com baixo pós-punk; "North American Scum" é punk cheio de ruídos; "Tribulations" é puro electro... e por aí vai.
É um show de "rock total", com todas as variantes possíveis. Há espaço para melancolia, barulhos e até "Throw", cover de Carl Craig (Craig é produtor de eletrônica e "Throw" é, originalmente, tecno...).
E há "All My Friends", que funciona em cima de um único acorde de teclado. Um acorde que vai crescendo, crescendo até culminar num final apoteótico, lindo e emocionante.


Avaliação: ótimo

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