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Crítica/música
LCD Soundsystem faz o melhor show do ano
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Na parte de trás do palco, refletores pulsam
na frenética intensidade do rock e do punk. Sintetizadores e teclados são encarregados de fornecer um clima pop
retrô. E um globo prateado que
pende do teto avisa que aquilo é
disco music, com groove, para
dançar. O grupo americano
LCD Soundsystem une todas
essas referências de forma coesa, sólida e, bem, irresistível.
Pena que pouca gente viu.
Anteontem, o Via Funchal, em
São Paulo, não recebeu mais
que um quarto de sua capacidade de público (6.000 pessoas).
A noite foi aberta pelo produtor sueco Axell Willner, do projeto The Field. Ele subiu ao palco às 22h, e naquele momento o
Via Funchal parecia um enorme deserto por onde passeavam meia dúzia de nômades.
Sua música eletrônica é sutil,
melódica, decorada por detalhes que ficaram perdidos em
meio a tanto espaço e tão pouca
atenção. Merece voltar e tocar
em local mais apropriado.
O LCD Soundsystem subiu,
às 23h15, com o público já em
número mais decente. O cérebro do grupo é James Murphy,
um senhor de 37 anos, antítese
do rockstar: pançudo, visual de
nerd e voz apenas mediana.
Mas como sabe das coisas...
É Murphy o arquiteto da
banda e, a cada música ao vivo,
parece reinventar muito do que
aconteceu nas últimas décadas
no pop. "Get Innocuous" e "Time to Get Away" balançam
com baixo pós-punk; "North
American Scum" é punk cheio
de ruídos; "Tribulations" é puro electro... e por aí vai.
É um show de "rock total",
com todas as variantes possíveis. Há espaço para melancolia, barulhos e até "Throw", cover de Carl Craig (Craig é produtor de eletrônica e "Throw"
é, originalmente, tecno...).
E há "All My Friends", que
funciona em cima de um único
acorde de teclado. Um acorde
que vai crescendo, crescendo
até culminar num final apoteótico, lindo e emocionante.
Avaliação: ótimo
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