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Crítica
Ferrari discute nossas relações com o divino
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Maria" (TC Cult, 22h) não
tem relação alguma com as reinações do padre Marcelo na
área cinematográfica. E menos
ainda com as fabulações de "O
Código Da Vinci", livro e filme.
Abel Ferrara pode ser um
maluco, mas toma as coisas a
peito. Sobretudo quando seus
temas se vinculam ao cristianismo. A primeira cena é a definitiva, a que nos transporta: alguns anjos aparecem num lugar escuro. Mas que estranhas
figuras são eles: nem homens
nem anjos nem demônios
-um pouco de tudo isso.
Talvez para Ferrara sejamos
nós também uma mistura disso
tudo. E talvez por isso as histórias que narra a propósito de
Maria Madalena e Jesus Cristo
existam indiretamente.
Elas dizem respeito à obsessão da atriz (Juliette Brinoche)
que interpreta Maria Madalena num filme. Ou a um apresentador de TV (Forrest Whitaker) que passa por terrível
crise pessoal.
Em todas, de algum modo está presente a questão ferrariana por excelência: como sermos dignos de Cristo?
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