São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

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COMENTÁRIOS

FREDERICO BARBOSA, poeta e diretor da Poiesis Organização Social de Cultura, que administra a Casa das Rosas e o Museu da Língua Portuguesa:
"José Paulo Paes foi um dos mais importantes do século 20 na literatura de língua portuguesa. Fundamental: começou na poesia por volta de 45, antes do surgimento da poesia concreta, mas incorporou, criticamente, muitas das propostas de abertura do estilo. Foi sempre muito crítico, mordaz, em relação à sociedade. Alguns de seus poemas viraram ícones da poesia concreta, como nos versos "negócio, ego, ócio" ["Epitáfio para um Banqueiro'] e "a missa, a miss, o míssil" ["Ocidental']. É o maior poeta infanto-juvenil do país. Seus "Poemas para Brincar" são dos que mais tocam as crianças. É importante dizer também que ele era uma pessoa muito generosa. Quando publiquei meu segundo livro, em 93, mandei pra ele, que me respondeu com uma extensa carta comentando detalhe por detalhe. Fiquei muito comovido com isso."

MARIO SERGIO CONTI, diretor de Redação da revista "Piauí", publicou textos do poeta no extinto suplemento Folhetim, da Folha:
"José Paulo Paes era o colaborador ideal tornado realidade, o sonho do editor de um caderno de cultura. Ele dava sugestões para artigos, ensaios, resenhas, autores e até para ilustrações. Fazia isso tendo em mente os objetivos do editor, e não, como costuma ocorrer, para se autopromover ou divulgar cupinchas sem talento. Também criticava a publicação -fosse o Folhetim, a Ilustrada, a Folha ou "Veja'- com rigor, pertinência e camaradagem. E discutia eventuais modificações nos seus escritos de bom grado, sem preconceitos contra os mais jovens. Só não aceitava baixar o nível e escrever sem remuneração. Para completar, entregava seus textos no dia e no tamanho combinados. Aprendi bastante com ele, ficamos amigos. Tenho saudades."

PAULO HENRIQUES BRITTO, poeta, tradutor e professor de letras da PUC-Rio:
"José Paulo Paes foi muito importante como tradutor de poesia e realizou um trabalho fundamental na área de teoria e critica de tradução. É curiosa essa faceta, porque ele traduziu em diversas línguas. Sou professor de tradução e sempre falo a meus alunos que o mais importante é dominar bem a língua para a qual você está traduzindo; a língua da qual você traduz é relativamente menos importante. Dou sempre dois exemplos. Os irmãos Campos, que traduziram muito bem do russo, com auxílio do Boris Schnaiderman -especialista na língua russa. E o caso do José Paulo Paes, que não era grande conhecedor de grego, mas, consultando pessoas que dominam, fez traduções muito respeitáveis para o português."


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