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Marky e Rebeca se destacam no Eletrônika
Divulgação
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Rebeca Matta, revelação na categoria cantora do Prêmio APCA |
do enviado a Belo Horizonte
Só não foi quem não quis. O festival Eletrônika Telemig Celular
reuniu novos nomes, novas tendências musicais, mostrou música eletrônica, música com elementos eletrônicos e abrangeu
um espectro da música anticomercial num evento bem-organizado e que primou, principalmente, pela coragem de realizá-lo
num país em recessão.
Por três dias, de sexta a domingo passados, passaram pelos quatro palcos do festival em Belo Horizonte mais de 30 atrações, como
Tortoise, Rebeca Matta (com
Loop B), Marky Mark, Anderson
Noise, Ed Rush, Anvil FX, Otto,
Edgard Scandurra, Ratão e Pato
Fu (este destoou por completo do
restante das atrações).
Os shows principais aconteceram na Serraria Souza Pinto, uma
antiga serraria do final do século
passado, localizada no centro de
Belo Horizonte, restaurada, tombada e transformada em local para shows e eventos.
Havia bom som, iluminação decente, além de bar e estandes de
roupas e cabeleireiro, num galpão
amplo de quase 3.000 m2.
Para o Eletrônika, a capacidade
de público da Serraria era de 4.000
pessoas por noite. Apareceram
cerca de 1.000 em cada dia, inexplicavelmente, apesar dos R$ 20
cobrados pelo ingresso.
Parece que os mineiros não
querem abrir os horizontes com
informação musical; o estabelecido ainda vige com força em Minas Gerais.
Sexta-feira foi o dia do
drum'n'bass. Com três horas de
atraso, o festival começou com
Otto, com músicas novas, Anvil
FX, com bom show com Alda Resende cantando, sax ao vivo e
imagens lisérgicas nos telões.
Mas a "surpresa" foi Marky
Mark, o primeiro DJ superstar do
Brasil. Enquanto Ed Rush discotecava, Marky distribuía autógrafos na boca do palco para alguns
fãs quase histéricos. Tocou seus
hits (já pode-se dizer isso), e o público gritava a cada música, como
em um show de rock. Marky é um
fenômeno singular no país.
No sábado, com um público um
pouco mais velho, os mineiros do
pex baA (uma antiga banda de
heavy metal) deram início com
músicas surreais, desconstrutivas, niilistas. Talvez o grupo mais
experimental do festival.
Depois do Tortoise e Tom Zé,
entraram os DJs Armand, Anthony Shakir e o mineiro Anderson Noise, que levou o festival até
as 5h com tecno pesado.
Paralelamente aos shows, houve palestras gratuitas igualmente
com público reduzido, mas interessado e bem informado. Música
eletrônica brasileira e imprensa
digital foram os temas de sábado,
e o futuro da música (eletrônica
ou não) foi o tema dos dois debates do domingo.
A cantora baiana Rebeca Matta,
como era esperado, foi a sensação
do último dia. Rebeca se entregou
no palco, com belo figurino (assim como o da banda, cujos guitarristas vestiam saias), e levou o
público a um transe com sua versão rock/trip hop de "Barracão".
O show foi bruscamente interrompido ainda no início, porque,
por determinação da Fundação
Clóvis Salgado, que administra a
Serraria, o festival não poderia se
estender mais devido ao horário
(o local fica em zona residencial),
o que levou ao cancelamento do
atração seguinte, Radar Tantã, e a
um show de só 50 minutos do Pato Fu, que encerrou o evento.
Mesmo assim, Rebeca surpreendeu o público, que pela primeira vez a assistia, com um magnetismo ímpar e reforçou o status
de revelação na música este ano
no Brasil. É só o começo.
Mesmo com alguns percalços,
as produtoras do festival, Motor
Music e Eletrônika, levaram cultura e informação do (e para o)
fora do eixo, numa louvável iniciativa de investir na música alternativa e original.
(MN)
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