São Paulo, Quarta-feira, 15 de Dezembro de 1999


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Marky e Rebeca se destacam no Eletrônika

Divulgação
Rebeca Matta, revelação na categoria cantora do Prêmio APCA


do enviado a Belo Horizonte


Só não foi quem não quis. O festival Eletrônika Telemig Celular reuniu novos nomes, novas tendências musicais, mostrou música eletrônica, música com elementos eletrônicos e abrangeu um espectro da música anticomercial num evento bem-organizado e que primou, principalmente, pela coragem de realizá-lo num país em recessão.
Por três dias, de sexta a domingo passados, passaram pelos quatro palcos do festival em Belo Horizonte mais de 30 atrações, como Tortoise, Rebeca Matta (com Loop B), Marky Mark, Anderson Noise, Ed Rush, Anvil FX, Otto, Edgard Scandurra, Ratão e Pato Fu (este destoou por completo do restante das atrações).
Os shows principais aconteceram na Serraria Souza Pinto, uma antiga serraria do final do século passado, localizada no centro de Belo Horizonte, restaurada, tombada e transformada em local para shows e eventos.
Havia bom som, iluminação decente, além de bar e estandes de roupas e cabeleireiro, num galpão amplo de quase 3.000 m2.
Para o Eletrônika, a capacidade de público da Serraria era de 4.000 pessoas por noite. Apareceram cerca de 1.000 em cada dia, inexplicavelmente, apesar dos R$ 20 cobrados pelo ingresso.
Parece que os mineiros não querem abrir os horizontes com informação musical; o estabelecido ainda vige com força em Minas Gerais.
Sexta-feira foi o dia do drum'n'bass. Com três horas de atraso, o festival começou com Otto, com músicas novas, Anvil FX, com bom show com Alda Resende cantando, sax ao vivo e imagens lisérgicas nos telões.
Mas a "surpresa" foi Marky Mark, o primeiro DJ superstar do Brasil. Enquanto Ed Rush discotecava, Marky distribuía autógrafos na boca do palco para alguns fãs quase histéricos. Tocou seus hits (já pode-se dizer isso), e o público gritava a cada música, como em um show de rock. Marky é um fenômeno singular no país.
No sábado, com um público um pouco mais velho, os mineiros do pex baA (uma antiga banda de heavy metal) deram início com músicas surreais, desconstrutivas, niilistas. Talvez o grupo mais experimental do festival.
Depois do Tortoise e Tom Zé, entraram os DJs Armand, Anthony Shakir e o mineiro Anderson Noise, que levou o festival até as 5h com tecno pesado.
Paralelamente aos shows, houve palestras gratuitas igualmente com público reduzido, mas interessado e bem informado. Música eletrônica brasileira e imprensa digital foram os temas de sábado, e o futuro da música (eletrônica ou não) foi o tema dos dois debates do domingo.
A cantora baiana Rebeca Matta, como era esperado, foi a sensação do último dia. Rebeca se entregou no palco, com belo figurino (assim como o da banda, cujos guitarristas vestiam saias), e levou o público a um transe com sua versão rock/trip hop de "Barracão".
O show foi bruscamente interrompido ainda no início, porque, por determinação da Fundação Clóvis Salgado, que administra a Serraria, o festival não poderia se estender mais devido ao horário (o local fica em zona residencial), o que levou ao cancelamento do atração seguinte, Radar Tantã, e a um show de só 50 minutos do Pato Fu, que encerrou o evento.
Mesmo assim, Rebeca surpreendeu o público, que pela primeira vez a assistia, com um magnetismo ímpar e reforçou o status de revelação na música este ano no Brasil. É só o começo.
Mesmo com alguns percalços, as produtoras do festival, Motor Music e Eletrônika, levaram cultura e informação do (e para o) fora do eixo, numa louvável iniciativa de investir na música alternativa e original. (MN)



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