|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Grupo de Chicago, que já passou pelo Chile, Argentina e BH, faz show com Tom Zé no Sesc Pompéia
Tortoise experimenta seu rock em SP
MARCELO NEGROMONTE
enviado especial a Belo Horizonte
Depois de John Cale e Marianne
Faithfull, o projeto do Sesc 1.999
-Reticências abrange outros aspectos da música inovadora e inteligente com as apresentações da
banda de rock experimental de
Chicago Tortoise.
Hoje e amanhã, no Sesc Pompéia, o quinteto norte-americano
prossegue com sua miniturnê
brasileira, com a participação especial do cantor e compositor
Tom Zé, que fizera alguns shows
nos EUA, em maio deste ano, em
que o baiano apresentou "Com
Defeito de Fabricação", seu mais
recente disco, tendo o Tortoise
como banda.
Nos shows do Tortoise, Tom Zé
canta quatro músicas suas no final da apresentação, como aconteceu no festival Eletrônika Telemig Celular, no último sábado em
Belo Horizonte, na estréia dos
norte-americanos em palcos brasileiros (leia sobre o festival no
texto abaixo).
Na semana passada, a banda fez
shows em Santiago, Chile, e Buenos Aires, Argentina. Os shows
sul-americanos são frutos da iniciativa da produtora mineira Motor Music, que lançará no Brasil o
último álbum da banda, "TNT"
(98), em janeiro.
Banda de rock
Tortoise foi formado no começo desta década e vem sendo chamado pela imprensa norte-americana e européia de banda "pós-rock", etiqueta rejeitada pelo líder, produtor e multiinstrumentista, John McEntire, 29.
"Somos uma banda de rock,
ainda que um rock esquisito. Dizer que algo é pós-alguma coisa é
uma terminologia tipicamente
usada neste fim de século quando
se imagina que tudo já foi criado.
Não é verdade", disse McEntire
em entrevista à Folha, logo após o
show em Belo Horizonte.
É rock da escola Sonic Youth e
dos projetos do guitarrista Thurston Moore, mas sem os barulhos
daquele e com a inovação deste.
Mas não só. Há algumas doses de
jazz, lounge music, muzak,
drum'n'bass, kraut-rock, ambient, excesso de minimalismo e,
por caminhos oblíquos, lá no fundo, um tempero suave de música
folclórica nordestina absolutamente involuntário.
E como Tom Zé surgiu na história do Tortoise, banda underground nos EUA e desconhecida
no Brasil? "Um amigo, Christopher Dunn, professor da Universidade de Louisiana, que está escrevendo um livro sobre o tropicalismo, me mostrou um disco
dele. Não só de Tom Zé, mas de
Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano
Veloso e Mutantes (este um pouco à margem do movimento do final dos anos 60). E há várias referências musicais ao mesmo tempo nesse período", afirmou
McEntire, enquanto colocava no
bolso o zip drive com as bases eletrônicas do show.
"Adoro João Gilberto, Tom Jobim, mas, da década de 70, o meu
favorito é Jorge Ben", revela
McEntire que diz ainda gostar de
Olodum e Joyce. Joyce? "Não tudo, claro, mas alguma coisa", ri.
O curioso é que a maioria dos
artistas citados por McEntire teve
seu ápice há algumas décadas no
Brasil e agora são "(re)descobertos" pelos EUA.
"É por isso que eu gosto do Tom
Zé: porque ele cria novas coisas
até hoje. Por outro lado, acho que
a curva descendente de alguns artistas são seus melhores momentos, como os Beach Boys", afirmou citando o período pós-66,
pós-"Pet Sounds". "Tom Zé não
teve essa curva."
McEntire, além dos álbuns da
banda, lançou remixes de Towa
Tei, Cibo Matto, Stereolab (que
também produziu), Blur e Red
Snapper.
No show do Tortoise, com músicas de "TNT" e dos três álbuns
anteriores, os integrantes mudam
frequentemente de instrumentos,
passando do sintetizador Rhodes
para a bateria (há duas), baixo e
vibrafone (há dois), como faz
McEntire.
Tom Zé aparece no final, como
um pocket show de "Com Defeito
de Fabricação", em que canta
"Politicar", "Curiosidade" (improvisando com Nobel, dinamite
e a irrelevância de ambos) e "Juventude Javali".
De resto, o Tortoise faz música
para quem gosta de música. Basicamente é isso.
O jornalista Marcelo Negromonte viajou a
convite da produção do Eletrônika Telemig
Celular
Show: Tortoise, com participação
especial de Tom Zé
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Lapa,
tel, 0/xx/11/3871-7700)
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (comerciários e
estudantes)
Texto Anterior: Televisão: Globo desengaveta minissérie que mistura sedução e morte Próximo Texto: Marky e Rebeca se destacam no Eletrônika Índice
|