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ARTES PLÁSTICAS
Brasil em série
"Espaços da Arte Brasileira" lança cinco novos títulos, sob a coordenação de Rodrigo Naves
RODRIGO MOURA
DA REDAÇÃO
A coleção "Espaços da Arte Brasileira", da editora Cosac & Naify,
é a cara de seu idealizador, o crítico Rodrigo Naves, 46. Disposta a
operar uma hierarquia no terreno
em que se move e a fechar lacunas
na história visual brasileira, há
três anos vem lançando fornadas
de cinco a seis títulos anuais. "Arte é valor. Não cabe todo mundo"
é o mote de Naves sobre a coleção,
um sucesso de vendas.
Pois bem, e aí vai a má notícia: o
crítico está deixando a direção da
série, depois de lançar 16 títulos.
"Não houve nenhum desentendimento. Só não aguento mais falar
ao telefone com as pessoas", diz,
sobre os percalços de edição.
A boa notícia é que a série está
chegando mais uma vez às livrarias hoje, com os últimos cinco
volumes editados por Naves. Se o
caso é hierarquizar e defender valores, a nova safra atinge seus objetivos, com uma lista de grandes
nomes da arte brasileira: da arquitetura moderna e fundadora de
Lucio Costa e o paisagismo inovador de Burle Marx, até a trajetória
lírica e solitária de Mira Schendel,
passando pelo construtivismo escultórico de Franz Weissmann e
pelo expressionismo pictórico de
Jorge Guinle.
Como sempre, são ensaios monográficos sobre os artistas, que
relacionam suas obras com o contexto mais amplo da produção artística brasileira e sua descontinuidade. Completam a edição
cerca de 120 ilustrações, cronologia e bibliografia, resultado de
pesquisa muitas vezes pioneira,
caso do livro dedicado a Guinle.
"De todas as artes no Brasil, as
artes plásticas ainda são as que
têm menos visibilidade", diz Naves. "Sempre quis entender isso
bem, o livro "A Forma Difícil" era
um pouco para isso." A coleção lida, então, com esses vazios críticos da arte brasileira. "A confusão
ainda é muito comum."
A maior aceitação da série se
deu entre estudantes, atraídos pelo preço (originalmente R$ 33,
agora R$ 41) e pelo didatismo.
Três títulos tiveram suas tiragens
comerciais de 2.400 exemplares
esgotadas (Goeldi, Volpi e Dacosta) e estão na segunda edição, fato
raro entre livros de arte no Brasil.
Mas nem tudo é bom.
A dificuldade de obter autorização da família de alguns artistas,
ao lado da escassez de textos críticos de qualidade, são algumas dificuldades. "Dentro dos limites,
até que avançamos. Inclusive na
formação de profissionais da
área, que tiveram oportunidade
de publicar um ensaio maior pela
primeira vez. Mas ainda há muito
a fazer", afirma.
A Cosac & Naify ainda não sabe
quem substituirá Rodrigo Naves
diante da série "Espaços da Arte
Brasileira", mas pensa em modificações no conceito, como não
mais lançar todos os títulos de
uma vez. Da fase inicial da coleção, contudo, ainda restam projetos em andamento: títulos sobre
Guignard, Iberê Camargo, Rino
Levi e outros nomes do modernismo brasileiro. "Pegar a Tarsila,
por exemplo, e ver o que sobra daquilo", diz Naves. "Mas enquanto
eu tocasse, jamais faria um número sobre Portinari", dispara o crítico. "Já é muito valorizado."
ESPAÇOS DA ARTE BRASILEIRA -
lançamento de novos títulos da série:
"Lucio Costa", por Guilherme Wisnik,
"Burle Marx", por Vera Beatriz Siqueira,
"Mira Schendel", por Maria Eduarda
Marques, "Franz Weissmann", por Sônia
Salzstein, e "Jorge Guinle", por Christina
Bach. Editora: Cosac & Naify (tel. 0/xx/
11/3218-1444). 128 págs. R$ 41.
Patrocinador: banco BBM. Lançamento
hoje, às 11h30, na Casa das Rosas (av.
Paulista, 37, tel. 0/xx/11/251-5271).
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