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ARQUITETURA
Desenhos, croquis e estudos do arquiteto deverão ficar disponíveis na internet a partir de maio de 2006
Obra de Niemeyer ganha acervo digital
CRISTINA TARDÁGUILA FERREIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Os cerca de 3.500 desenhos, croquis, paisagens, ilustrações e estudos de caso feitos pelo arquiteto
Oscar Niemeyer entre os anos 60 e
90 em seus escritórios do Rio de
Janeiro e de Paris estarão melhor
protegidos da ação do tempo.
Até junho do ano que vem, o
material que hoje está em folhas
de papel vegetal, consideradas extremamente frágeis por especialistas, passará por um processo de
microfilmagem e, depois, se
transformará em mídia digital.
Com isso, muito em breve os
admiradores do maior expoente
da arquitetura brasileira, que hoje
comemora 98 anos, terão acesso a
seu trabalho por meio da internet,
em um portal que deverá ficar
pronto em maio de 2006.
"Como a maior parte dos documentos dessa época são muito
grandes para uma digitalização
imediata, primeiro precisaremos
transformar tudo em microfilmes
com a ajuda de um equipamento
chamado Planetária. Depois, esses microfilmes, que têm cerca de
50 anos de durabilidade, serão
convertidos em mídias digitais e
darão origem a CD, o que permitirá a criação do portal", explica a
gerente executiva da Cobra Tecnologia, empresa do Banco do
Brasil responsável pelo processo
de digitalização, Simone Irazabal.
A idéia de preservar os traços de
Niemeyer não é nova, mas a parceria entre a Fundação Oscar Niemeyer e a Cobra Tecnologia só
surgiu em abril de 2005.
De lá para cá, foi montada uma
equipe multidisciplinar composta
por cinco profissionais que se encarregarm de garantir o sucesso
do processo e também de criar
uma mapoteca para a fundação.
Nessa mapoteca, que terá condições ideais de temperatura, umidade e iluminação, ficarão para
sempre armazenados e protegidos os originais de Niemeyer.
A coordenadora do projeto
dentro da Fundação Oscar Niemeyer, Fernanda Martins, faz
questão, no entanto, de ressaltar:
"a digitalização não nos exime da
responsabilidade de preservar
adequadamente os originais".
Ao passar os documentos do
papel para o computador, os pesquisadores aproveitarão também
para identificar, organizar e catalogar cada um deles. Desta forma,
estarão construindo o primeiro
catálogo digital do arquiteto.
"Além de preservarmos a obra
arquitetônica, com esse projeto
também agilizaremos o atendimento que precisa ser dado à distância ao grande número de demandas que recebemos para exposições e publicações e aos pedidos dos pesquisadores que nos
procuram diariamente", conta
Fernanda Martins.
A digitalização, que segundo Simone Irazabal tem um custo de
aproximadamente R$ 200 mil, está sendo integralmente doada à
Fundação Oscar Niemeyer e poderá se estender a outros documentos do arquiteto em uma segunda fase, a ser negociada.
Para o presidente da Cobra Tecnologia, Leandro Vergara, outro
ponto positivo da digitalização é o
fato de ela tornar "simples o acesso e a reprodução em massa das
obras, fundamental para a democratização do conhecimento arquitetônico de Oscar Niemeyer".
A técnica que será utilizada pela
empresa na fundação já é comum
dentro do Banco do Brasil, com
cheques e documentos que precisam ter grande durabilidade. Segundo a Cobra, os originais não
correm nenhum risco durante a
microfilmagem ou a digitalização.
No almoço que marcou o início
dos trabalhos, realizado na última
segunda-feira no Rio, Niemeyer
não poupou modéstia para falar
sobre o que sente em relação ao
projeto que visa preservar seus
desenhos. "Durante muitos anos,
fiz meu trabalho com a preocupação de ser útil para a comunidade
e de lhe entregar o melhor, mas
não tinha a clareza de que as pessoas se preocupariam com a preservação dele. Agora, vendo tanta
gente empenhada nessa digitalização, percebo que meu esforço
não foi em vão."
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