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POLÍTICA CULTURAL
"Cazuza" e "Olga" são alguns dos ganhadores do Prêmio Adicional de Renda
Ancine premia bem-sucedidos na bilheteria
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Um filme musical é o fenômeno
de bilheteria do cinema brasileiro.
E isso nada tem a ver com os
atuais 5,3 milhões de espectadores alcançados nas salas pelas 311
cópias de "2 Filhos de Francisco",
sobre a dupla sertaneja Zezé di
Camargo & Luciano.
A notícia era idêntica em 2004,
quando "Cazuza - O Tempo Não
Pára" teve 3 milhões de espectadores, o triplo do que se previa para as 152 cópias de lançamento da
biografia cinematográfica do roqueiro célebre nos anos 80.
Anteontem, "Cazuza" obteve
um lugar também no ranking de
sucessos de 2005. Tornou-se o
primeiro na lista de vencedores
do Prêmio Adicional de Renda,
criado pela Ancine (Agência Nacional de Cinema), para recompensar os filmes nacionais mais
bem-sucedidos nas bilheterias.
A relação dos nomes que dividem os R$ 4,16 milhões do prêmio (leia quadro nesta página)
corresponde ao desempenho do
mercado no ano passado, mas
quer aquecer a produção de 2006.
Cada ganhador tem a obrigação
de reinvestir o dinheiro na atividade cinematográfica. Além dos
produtores (que devem usar a
verba para novos filmes), o prêmio envolve distribuidores (obrigados a investir em mais lançamentos) e exibidores (que têm a
alternativa de aperfeiçoar seus cinemas ou abrir novas salas).
Sandra Werneck, co-diretora
(com Walter Carvalho) e co-produtora (com a Lereby de Daniel
Fiho) de "Cazuza", já sabe em que
projeto usará os 10% que lhe cabem dos R$ 324,8 mil do prêmio.
"Comprei os direitos de "Meninas da Esquina", de Eliane Trindade", conta. A adaptação para o cinema terá o nome de um dos capítulos do livro, "Sexo, Crochê e
Bicicletas".
É também da literatura ("Budapeste", de Chico Buarque, com direção de Walter Carvalho) que
vem o novo projeto da produtora
Rita Buzzar, segunda colocada no
prêmio (com R$ 324 mil), por
"Olga" (3,1 milhões de espectadores com 263 cópias).
Buzzar, de início, estranhou "a
diferença pequena no valor do
prêmio para os filmes de maior
bilheteria e os de menor bilheteria". De fato, os populares "Cazuza" e "Olga" estão ao lado de produções que chamaram a atenção
de um público menor, como "Redentor" (200 mil), "Narradores de
Javé" (66 mil), "Como Fazer um
Filme de Amor" (54 mil) e "O
Vestido" (39 mil). Mas depois a
produtora se conformou: "Você
tem de se colocar na situação de
que nem sempre vai ter 3 milhões
de espectadores."
É critério do Prêmio Adicional
de Renda o privilégio ao filme médio, considerado ponto de sustentação na indústria, já que os grandes sucessos são a exceção.
Para garantir esse objetivo, os
cálculos de premiação usam ponderações com a faixa de público
dos filmes, sua renda e o número
de cópias com que foram lançados. "Assim nós nos prevenimos
de premiar fracassos", diz Manoel
Rangel, diretor da Ancine.
"O cinema brasileiro gira demais em torno de concursos [de
projetos]. O bom desse prêmio é
que ele premia resultados", diz
Paulo Sacramento, vencedor (R$
30 mil) com o documentário "O
Prisioneiro da Grade de Ferro".
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