São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

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POLÍTICA CULTURAL

"Cazuza" e "Olga" são alguns dos ganhadores do Prêmio Adicional de Renda

Ancine premia bem-sucedidos na bilheteria

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Um filme musical é o fenômeno de bilheteria do cinema brasileiro. E isso nada tem a ver com os atuais 5,3 milhões de espectadores alcançados nas salas pelas 311 cópias de "2 Filhos de Francisco", sobre a dupla sertaneja Zezé di Camargo & Luciano.
A notícia era idêntica em 2004, quando "Cazuza - O Tempo Não Pára" teve 3 milhões de espectadores, o triplo do que se previa para as 152 cópias de lançamento da biografia cinematográfica do roqueiro célebre nos anos 80.
Anteontem, "Cazuza" obteve um lugar também no ranking de sucessos de 2005. Tornou-se o primeiro na lista de vencedores do Prêmio Adicional de Renda, criado pela Ancine (Agência Nacional de Cinema), para recompensar os filmes nacionais mais bem-sucedidos nas bilheterias.
A relação dos nomes que dividem os R$ 4,16 milhões do prêmio (leia quadro nesta página) corresponde ao desempenho do mercado no ano passado, mas quer aquecer a produção de 2006.
Cada ganhador tem a obrigação de reinvestir o dinheiro na atividade cinematográfica. Além dos produtores (que devem usar a verba para novos filmes), o prêmio envolve distribuidores (obrigados a investir em mais lançamentos) e exibidores (que têm a alternativa de aperfeiçoar seus cinemas ou abrir novas salas).
Sandra Werneck, co-diretora (com Walter Carvalho) e co-produtora (com a Lereby de Daniel Fiho) de "Cazuza", já sabe em que projeto usará os 10% que lhe cabem dos R$ 324,8 mil do prêmio.
"Comprei os direitos de "Meninas da Esquina", de Eliane Trindade", conta. A adaptação para o cinema terá o nome de um dos capítulos do livro, "Sexo, Crochê e Bicicletas".
É também da literatura ("Budapeste", de Chico Buarque, com direção de Walter Carvalho) que vem o novo projeto da produtora Rita Buzzar, segunda colocada no prêmio (com R$ 324 mil), por "Olga" (3,1 milhões de espectadores com 263 cópias).
Buzzar, de início, estranhou "a diferença pequena no valor do prêmio para os filmes de maior bilheteria e os de menor bilheteria". De fato, os populares "Cazuza" e "Olga" estão ao lado de produções que chamaram a atenção de um público menor, como "Redentor" (200 mil), "Narradores de Javé" (66 mil), "Como Fazer um Filme de Amor" (54 mil) e "O Vestido" (39 mil). Mas depois a produtora se conformou: "Você tem de se colocar na situação de que nem sempre vai ter 3 milhões de espectadores."
É critério do Prêmio Adicional de Renda o privilégio ao filme médio, considerado ponto de sustentação na indústria, já que os grandes sucessos são a exceção.
Para garantir esse objetivo, os cálculos de premiação usam ponderações com a faixa de público dos filmes, sua renda e o número de cópias com que foram lançados. "Assim nós nos prevenimos de premiar fracassos", diz Manoel Rangel, diretor da Ancine.
"O cinema brasileiro gira demais em torno de concursos [de projetos]. O bom desse prêmio é que ele premia resultados", diz Paulo Sacramento, vencedor (R$ 30 mil) com o documentário "O Prisioneiro da Grade de Ferro".


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