DA REPORTAGEM LOCAL

Para discutir um exemplo de "casamento perfeito" entre cinema e literatura, o escritor amazonense Milton Hatoum, duas vezes vencedor do Prêmio Jabuti, é o convidado da última Sessão Cineclube do ano, que exibe hoje o clássico "Hiroshima, Meu Amor" (1959), de Alain Resnais.
O evento gratuito, promovido pela Folha e pelo Espaço Unibanco de Cinema, terá início às 20h, com a exibição do filme (as senhas devem ser retiradas a partir das 19h30 na bilheteria do cinema). Em seguida, Hatoum participa de um debate com o público.
Na Sessão Cineclube, realizada uma vez por mês, um convidado especial escolhe um filme clássico para ser exibido e debatido. "Gosto muito do filme, gosto muito do texto original. Do ponto de vista estético, é bastante atual", disse Hatoum ao justificar sua escolha.
O roteiro, escrito por Marguerite Duras, concorreu ao Oscar de melhor roteiro original. "O livro é extraordinário, não é apenas um roteiro. Ele adquire uma dimensão literária que se aproxima da ficção, transcende a simples marcação da filmagem", diz Hatoum.
O escritor se diz "apaixonado por cinema e literatura" e afirma que ambas as linguagens, embora diferentes, são convergentes, e, por isso, não as separa. "Parto do princípio de que quem gosta de cinema gosta de literatura."
"Hiroshima, Meu Amor", primeiro longa do francês Alain Resnais, cineasta-chave da nouvelle vague, ganhou prêmios como o da crítica no Festival de Cannes, entre outros.
O longa conta a história de uma atriz francesa (Emmanuelle Riva) que está em Hiroshima para participar de um filme sobre a paz. Durante a filmagem, ela acaba se envolvendo com um arquiteto japonês (Eije Okada) sobrevivente do bombardeio e que a faz relembrar seu primeiro amor, um soldado alemão que conheceu no final da Segunda Guerra Mundial.
Sobre a Sessão Cineclube, que continuará em 2006 a partir de fevereiro, afirma: "É um evento importantíssimo, sobretudo para os jovens, que passam a ter a oportunidade de ver os grandes clássicos na tela do cinema, que é diferente de ver no DVD. É uma grande oportunidade mesmo para os que já viram os filmes exibidos. Esse tipo de evento deveria ser feito em todas as cidades brasileiras".