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Niemeyer faz 99 anos com diversos projetos
Arquiteto assina novos centros em Minas, Recife e Havana; Paris terá escultura
Niemeyer também quer concluir projeto do Eixo Monumental de Brasília, onde é inaugurado hoje o Museu da República
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O arquiteto Oscar Niemeyer
faz hoje 99 anos com uma série
de projetos engatilhados ou em
curso que deixariam aturdidos
qualquer pessoa com um terço
de sua idade.
Niemeyer projeta um centro
cultural à beira-mar para o Recife, um centro administrativo
de 300 mil m2 para o governo
de Minas Gerais e uma praça
que ele desenhou para Havana
-sua primeira obra em Cuba-,
em fase final de construção.
Nessa praça em Havana, ele
criou uma escultura em que
um dragão ataca um cubano,
que se defende impávido -o
dragão da maldade é George W.
Bush, segundo Niemeyer.
Paris também ganhará uma
escultura do arquiteto, um monumento à paz, a ser inaugurada nos próximos dias.
Há duas semanas, ele entregou o projeto para a construção
de um centro cultural de 24
milhões (equivalente a R$ 67,8
milhões) para os reis da Espanha, a ser construído na região
de Astúrias, no norte daquele
país. Em Ravello, na Itália, está
em fase de licitação o centro de
música que criou para ser construído nas rochas, pendurado
sobre o mar, a pedido do sociólogo Domenico de Masi.
Entre museus, centros culturais e auditórios para cidades
brasileiras, há pelo menos dez
projetos em curso ou em fase
de negociação, segundo o engenheiro calculista José Carlos
Sussekind, um dos amigos mais
próximos do arquiteto.
Niemeyer planeja ainda relançar a revista de arquitetura
"Módulo", que criou em 1955 e
teve um hiato entre 1964 e 1974
por conta do golpe militar. Foi
na revista que o arquiteto conheceu Vera Lúcia Cabreira,
60, com quem se casou no último mês. Ela vendia publicidade para a "Módulo".
O sonho de Niemeyer, porém, está na sua maior obra,
Brasília. Ele quer concluir o Eixo Monumental tal qual o concebeu. Falta, segundo ele, um
centro cultural para shows e cinema, a ser construído no lado
oposto da catedral.
Hoje, Brasília inaugura o
Museu da República, uma das
obras que ele faltava para o Eixo -a Biblioteca Nacional, outro hiato em relação ao projeto
original, está em construção.
O projeto para o governo de
Minas é, de acordo com Sussekind, o mais "niemeyeriano"
pela sua complexidade.
"É o projeto-síntese da obra
do Oscar. Quando estiver construído, será o limite máximo
que o concreto chegou na nossa era. É um recorde mundial
em estrutura, é a busca da leveza máxima", afirma Sussekind.
Niemeyer conseguiu a leveza
ao subverter a lei mais elementar da construção -a que diz
que os prédios devem ser sustentados pelo chão. "O prédio
principal do governo de Minas
será sustentado pelo teto. São
quatro colunas fora do prédio
que sustentam a estrutura toda", diz o calculista.
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