São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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TRECHOS

>> Pouco antes de Tenerife, eles avistaram um monstro marinho. Ao longe, [...] um corpo de serpente ergueu-se da água, enrolou-se em duas laçadas e, como foi possível perceber com nitidez através da luneta, ficou olhando para eles com seus dois olhos vítreos como pedras preciosas.
Ao redor da boca, saíam filamentos finos como barba.
Segundos após ele ter mergulhado novamente, todos a bordo estavam convencidos de que havia sido imaginação. Talvez a névoa, disse Humboldt, ou mesmo a comida ruim. Ele decidiu não escrever nada a respeito

>> A descida era íngreme. Eles sentiam o bater das asas ao redor, porém os pássaros nunca se chocavam contra eles. Seguiram tateando ao longo da parede até que chegaram a um salão abobadado (...) Humboldt verificou o termômetro: estava cada vez mais quente, ele duvida de que o professor Werner fosse gostar de saber disso! Então, de repente, ele viu a figura da mãe ao seu lado. Piscou os olhos, mas, como convinha a uma alucinação, ela permaneceu visível. A capa abotoada no pescoço, a cabeça inclinada para o lado, o sorriso ausente, queixo e nariz tão afilados como em seu último dia, um guarda-chuva torto nas mãos.
Ele fechou os olhos e contou até dez bem devagar

Extraídos de "A Medida do Mundo", de Daniel Kehlmann

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